Nova tragédia

Temporais no sul da Bahia deixam mais de 5 mil pessoas desalojadas em 24 municípios

Ao menos quatro cidades do sul baiano decretaram situação de emergência em decorrência da chuva intensa que atinge a região desde a semana passada. Previsão é de mais temporais

CBM-BA/Divulgação
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Ainda em dezembro de 2021 e janeiro de 2022, o sul e o extremo sul baiano também foram prejudicados por um temporal, que devastou a região

São Paulo – As fortes chuvas registradas desde a madrugada de sexta-feira (21) na Bahia já deixaram mais de 5 mil pessoas desalojadas em 24 municípios afetados. De acordo com balanço, divulgado na noite desta segunda (24) pela Superintendência de Proteção e Defesa Civil da Bahia (Sudec), quatro cidades decretaram situação de emergência. É o caso de Santa Cruz Cabrália, Ilhéus, Belmonte e Porto Seguro, todas no sul e extremo sul do estado.

Além delas, também foram afetadas Anagé, Caraíbas, Caravelas, Eunápolis, Guaratinga, Ibirapuã, Itabela, Itabuna, Itagimirim, Itamaraju, Itanhém, Jucuruçu, Lajedão, Medeiros Neto, Mucuri, Nova Viçosa, Prado, Teixeira de Freitas, Vereda e Vitória da Conquista. O último levantamento da Sudec também contabiliza 16 desabrigados, 5.096 desalojados e outras 412 pessoas prejudicadas pelo desastre. Até o momento, três mortes também foram confirmadas.

Dois turistas mineiros morreram afogados, na sexta, numa praia de Santa Cruz Cabrália no momento em que a cidade registrava pontos de alagamento. Um pescador, que havia saído de barco para trabalhar no mesmo dia, também foi encontrado morto no sábado (22) em Porto Seguro. O temporal permaneceu ao longo do final de semana e provocou também deslizamentos de terra e desabamentos de imóveis. E a previsão para esta terça (25) é de mais chuvas intensas sobre a região.

Governo estadual e federal se articulam

Ontem, o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT) sobrevoou o local e anunciou que o Estado e a engenharia da Prefeitura de Santa Cruz Cabrália irão elaborar um projeto para recuperar os municípios. A visita às regiões atingidas foi acompanhada também pelos ministros da Integração e Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, e da Casa Civil, Rui Costa, ex-governador da Bahia.

“Sobrevoamos a região e vimos os estragos causados pelas fortes chuvas. Viemos prestar nossa solidariedade e fizemos o combinado de continuar juntos, nesse momento de emergência e depois para a recuperação dos pontos necessários, tanto na cidade quanto na zona rural”, afirmou Rodrigues. Em passagem pela cidade de Itabuna, o governador acrescentou que serão construídas 696 moradorias para as famílias que perderam as casas nos desastres.

O ministro Rui Costa também associou a tragédia às mudanças climáticas. Ainda em dezembro de 2021 e janeiro de 2022, o sul e o extremo sul baiano também foram prejudicados por um temporal, que devastou a região. Na época, pelo menos 661.208 pessoas foram afetadas em 165 cidades. O número de desabrigados foi superior a 33 mil. Outras 57.243 ficaram desalojadas. A tragédias ainda feriram uma estimativa de 517 pessoas e deixaram cerca de 25 mortos, na época.

Comunidades indígenas alagadas

“Nosso trabalho é acolher, prestar solidariedade e fazer entregas importantes para estas localidades. Aqui na Bahia, os trabalhos emergenciais se tratam de tirar água de onde é possível, além de socorrer as famílias, com distribuição de colchões, mantimentos e a oferta de um lugar digno para as pessoas ficarem”, destacou Rui Costa. A Sudec já enviou sete caminhões com donativos de kits humanitários para atender às populações dos municípios que se encontram em situação de emergência.

Foram encaminhadas 26 toneladas de alimentos, oito mil litros de água mineral, mil colchões, mil cobertores e 17 mil metros quadrados de lona para cobertura de encostas. A destinação inclui as comunidades indígenas. Cerca de mil pessoas da aldeia Novos Guerreiros, do povo Pataxó, que fica entre Porto Seguro e Santa Cruz Cabrália ficaram desalojados. Ao todo, 14 aldeias indígenas ficaram alagadas.

O Corpo de Bombeiros Militar da Bahia (CBMBA) permanece atuando nas regiões na busca por vítimas e na entrega de donativos. A Reitoria da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) também manifestou solidariedade às famílias atingidas pelas fortes chuvas e anunciou que a Pró-Reitoria de Ações Afirmativas da instituição está orientada a receber e avaliar as solicitações de auxílios advindas de estudantes que necessitem de apoio.

Como ajudar vítimas das chuvas na Bahia

A universidade também se somou às ações já iniciadas pela Diretoria Central do Estudantes (DCE) de arrecadação de doações e mapeamento de estudantes afetados pela chuva.

Os postos de arrecadação foram montados pela UFSB na Reitoria da UFSB (Centro) – Sala Proaf, em Itabuna. E um no Colégio Ricaldi – Av. 22 de Abril, 602-660, em Porto Seguro. Para ajudar no mapeamento dos estudantes da universidade afetados pela enchente, a instituição divulgou um formulário que pode ser acessado aqui.