rolezinho

Shopping proíbe entrada de grupos e de menores desacompanhados

Para evitar os chamados rolezinhos, que sequer aconteceram na cidade, estabelecimento em Mogi das Cruzes (SP) fere direito de ir e vir e indigna a população

reprodução/TVT

Além da inconstitucional, medida adotada pelo Mogi Shopping denota segregação contra os jovens da periferia

São Paulo – Para evitar rolezinhos, temidos na capital mas ainda inéditos na cidade, a direção do Mogi Shopping, na cidade de Mogi das Cruzes, no Alto Tietê paulista, divulgou cartazes que alertam para a proibição de aglomerações e a entrada de grupos, e determinando que menores de idade sejam acompanhados pelos pais ou responsáveis.

Para o advogado Rodrigo Valverde, impedir a entrada de pessoas no shopping é inconstitucional: “Todos têm o direito de ir e vir, tanto na Constituição Federal, para todo cidadão, como também no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que dá à criança e ao adolescente o direito de transitar em toda área aberta ao público, não necessariamente acompanhado por pais e responsáveis”, falou em entrevista à repórter Sandra Paulino, para o Seu Jornal, da TVT.

Além da inconstitucionalidade, o advogado aponta que a medida também denota segregação contra os jovens, principalmente negros e pobres da periferia. “Isso é crime previsto em lei. A pessoa pode fazer um boletim de ocorrência, pode fazer uma reclamação no Procon e entrar com medida judicial cabível, inclusive por dano moral”, explica Rodrigo Valverde.

A população também não gostou. “Não vai ser pedido o RG de cada um que está entrando no shopping. O segurança vai fazer uma filtragem ali momentânea. Ele vai julgar, na hora, quem pode e quem não pode”, comenta Fábio Silva. “O jovem também tem poder de compra, ele também é consumidor, e está lá fazendo a economia da cidade girar. Não tem cabimento”

“Me sinto ofendido, porque a gente também tem o direito de poder sair, se divertir com os amigos, até porque a gente não tem nada para fazer agora nas férias”, opina o estudante Luiz Gustavo Conori.

Por meio nota, o Mogi Shopping informou que é uma propriedade particulares e, portanto, faz  suas regras de utilização. Em relação à entrada dos menores, diz que é apenas uma recomendação para que eles estejam acompanhados dos pais ou responsáveis.