São PAUlo

Sem-teto ocupam Secretaria da Habitação para cobrar compromissos de Alckmin

Movimentos prometem onda de ocupações no estado se reivindicações não forem atendidas pelo governo paulista

UMM

Manifestantes representam cerca de 60 mil pessoas em todo o estado

São Paulo – Cerca de 1.500 sem-teto ocupam, desde a manhã de hoje (25), o saguão da Secretaria Estadual da Habitação, no centro da capital, reivindicando o cumprimento dos acordos feitos com o governador paulista, Geraldo Alckmin (PSDB), em 2013. Entre os acordos estão a construção de 10 mil moradias pelo sistema de mutirão e implementação do Conselho Estadual das Cidades, cujos representantes foram eleitos na 5ª Conferência Estadual das Cidades. “Não é possível o estado mais rico da nação não conseguir cumprir promessas tão simples feitas para a população de baixa de renda”, afirmou José de Abraão, militante da União de Movimentos de Moradia.

Segundo Abraão, os sem-teto não pretendem permanecer acampados na secretaria. Mas querem permanecer no local até o final da reunião que reivindicam ter com o secretário da pasta, Rodrigo Garcia. “Mas se não tivermos nenhuma perspectiva de avanço, vamos ocupar prédios e terrenos do governo estadual e da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Urbano e Habitacional), na capital, na região metropolitana e no interior”, afirmou Abraão.

A construção das 10 mil moradias por sistema de mutirão foi prometida por Alckmin após uma marcha realizada pelos movimentos em agosto de 2013. Segundo Abraão, a CDHU e a Secretaria da Habitação se reuniram algumas vezes com as lideranças dos movimentos, mas o processo não avançou.

Outros problemas apontados pelos manifestantes são a falta de aporte de verbas do governo estadual em projetos que já foram aprovados e agora estão paralisados. Alckmin também prometeu dar andamento aos projetos do Programa da Gestão Compartilhada de ações de urbanização e ampliar os programas de revitalização de favelas e de direito à moradia nas áreas centrais.

Segundo Abraão, as organizações ligadas à União de Movimentos de Moradia reúnem cerca de 60 mil pessoas, que vivem em ocupações de prédios e terrenos nas regiões oeste, sul e leste da capital e também do ABC paulista, da Região Metropolitana, da Baixada Santista e do interior.

“O governador tem sido muito generoso com as desonerações para os empresários. Mas quando chega no povo diz que não tem dinheiro. Isso é um absurdo. Ele é governador de todos, não só de alguns”, afirmou Abraão. Para este ano, Alckmin previu R$ 15 bilhões em renúncia do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) das empresas, de acordo com a Lei de Diretrizes Orçamentárias. O montante representa 11,3% da arrecadação total do tributo para este ano. O ICMS corresponde a cerca de 80% da verba do estado.