Gestão

Secretário afirma que desconhecia plano de segurança para São Paulo anunciado em 2012

Projeto era semelhante ao anunciado por Geraldo Alckmin essa semana. Homicídios caem em abril, mas 12 dos 20 crimes pesquisados tiveram alta em relação aos primeiros quatro meses de 2012

©adriano lima/brazil photo press/folhapress

Fernando Grella, secretário de segurança de São Paulo

São Paulo – O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Fernando Grella Viera, afirmou hoje (24) que desconhece o plano contra violência anunciado em agosto do ano passado – pelo então comandante-geral da Polícia Militar, Roberval Ferreira França – e que é bastante semelhante ao que o próprio Grella, ao lado do governador Geraldo Alkmin (PSDB), apresentou nesta semana. As duas propostas prevêm reestruturação de unidades policiais de investigação e o pagamento de bônus para policiais que conseguirem diminuir a criminalidade em suas áreas de atuação.

“Eu não tenho conhecimento desse plano de agosto. Eu acho que isso já era cogitado, esse plano de metas, resultados e bonificação. Já fazia parte do plano de segurança do governo. Nós recebemos a incumbência de levar isso adiante”, disse o Grella.

O secretário também disse não saber quando o novo-velho plano será efetivamente posto em prática. Segundo ele, é preciso cumprir trâmites legais e aguardar os estudos que estão sendo elaborados pelo Instituto Sou da Paz.

“Vai ser implementado. Mas ainda não é objeto de uma decisão final as metas e o valor a ser pago. Isso vai ser, evidentemente, decido pelo governador, vai exigir um projeto de lei, uma regulamentação, no momento certo. Para isso nós dependemos do trabalho da consultoria que se iniciou agora. Então em algumas semanas nós teremos condições…Não sei quantas”, afirmou.

Alckmin afirmou ao vivo em um telejornal da Rede Globo de Televisão que o bônus seria entre R$ 4 mil e R$ 10 mil. Mas Grella disse que o valor ainda não está decidido. “O valor é uma hipótese, isso foi veiculado como hipótese. Mas inda não representa a decisão do governador.”

Os repetidos anúncios pouco precisos nessa área fizeram com que, no ano passado, o Ministério Público Federal (MPF) pedisse ao governo estadual que assinasse um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) para que para que datas e detalhes sobre o projeto fossem oficializadas. O TAC foi recebido pelo gabinete do governador em 24 de agosto. Grella assumiu a pasta em novembro. O MPF não respondeu até a publicação dessa reportagem se o governo estadual assinou ou não o TAC.

Criminalidade

Os números da criminalidade no estado divulgados hoje apontaram que no acumulado entre janeiro e abril em comparação ao mesmo período do ano passado, houve aumento do número de homicídio. Foram 1.552 este ano, contra 1.457 em 2012. Ao todo, 12 itens dos 20 pesquisados pela secretária tiveram piora dos números no acumulado do ano. Estupros, latrocínios, furtos, roubos de veículos e outros objetos tiveram alta, por exemplo, assim como o número de tentativas de homicídios e de vítimas em homicídios dolosos.

“A política de segurança é um processo, não é uma obra acabada. Temos muito para melhorar, temos muito que nos esforçar. Não há saldo médio em política de segurança”, argumentou o secretário.

Grella comemorou a queda no número de homicídios dolosos em abril, que caíram de 4,22% em todo o estado de São Paulo comparado ao mesmo período do ano passado. Na capital, a redução chegou a 7,7 e na Grande São Paulo, 2,3%. Para o secretário a melhora nos indicadores representa uma tendência de queda na criminalidade e é resultado do aumento do encarceramento. “Essa tendência de queda se explica pelo trabalho redobrado das polícias civil e militar. Batendo recordes de produtividade seja nas prisões realizadas, seja na apreensão de armas e de drogas. Ou seja, também solucionando os crimes. Nos quatro meses deste ano, são mais de 32 mil prisões, o que é um recorde. Em abril, foram 14.605 prisões, o que é um recorde absoluto desde 2001”.