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Rio tem manifestação contra intolerância religiosa

O Rio de Janeiro é o segundo estado com maior número de crimes de intolerância denunciados, com 21 casos no 1º semestre deste ano

fernando frazão/agência brasil

Contra a intolerância, religiosos de diversas vertentes se manifestam na orla de Copacabana

Rio de Janeiro – A 7ª Caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa reuniu cerca de mil pessoas na orla de Copacabana, zona sul do Rio de Janeiro, na manhã deste domingo (21). Debaixo de chuva, os manifestantes, na maioria vestidos de branco, empunhavam cartazes contra a intolerância religiosa.

O babalorixá Ivanir dos Santos, interlocutor da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR), disse que o Brasil “sempre foi intolerante com as religiões afro-brasileiras.”

“Na época da escravidão, eram perseguidas. Na República, [eram perseguidas] pelo Estado e pela polícia. E, ultimamente, por alguns setores pentecostais”, comentou ele.  “Cristo pregou o amor, não o ódio. É uma contradição desses segmentos, pois, no fundo, isso não tem a ver com o divino, mas com preconceito, ambição, racismo e ignorância”, avaliou.

Ele disse ser vítima de duas ameaças de morte pela crença que defende e citou exemplos de discriminação cometidos em escolas públicas, como a de um rapaz judeu que foi desrespeitado por se negar a fazer uma oração cristã e de um menino que disse ter sido barrado por usar colares de candomblé.

Para a ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Ideli Salvatti, a caminhada reuniu adeptos de todas as religiões praticadas no país pelo mesmo objetivo. “O do respeito, da paz, da boa convivência. A caminhada sinaliza a cultura da paz”, comentou Ideli.

Para a ministra, o debate da diversidade religiosa deve ser garantido na rede escolar e defendida pelos comitês regionais. “Além do Comitê Nacional de Diversidade Religiosa, que funciona desde o início do ano, é muito importante que todos os estados brasileiros tenham seus comitês, porque em muitas situações os casos envolvem a estrutura dos governos estaduais e as denúncias precisam ser feitas às autoridades estaduais e, em algumas situações, às municipais”, comentou.

De acordo com o membro do Conselho Espírita do Rio de Janeiro, Helio Ribeiro Loureiro, a adesão à causa não é suficiente, mas a caminhada ganhou grande visibilidade. “A união de várias religiões favorece o respeito. Essa é uma manifestação pacífica em busca de uma coexistência religiosa no Brasil”, comentou ele. Loureiro lamentou que ainda existam casos de intolerância religiosa, como o de um menino que disse ser espírita e sofreu bullying na escola.

Segundo o presidente da Federação Israelita do Estado do Rio de Janeiro, Jaime Salomão, a intolerância religiosa tem aumentado no mundo devido ao radicalismo de algumas religiões. “Estamos vendo falta de tolerância dentro e fora do Brasil. Por isso, temos que estar sempre unidos. Por meio do diálogo e da integração podemos avançar”, comentou.