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Publicidade com foto de usuário do Facebook sem permissão é pratica abusiva, diz Proteste

Entidade defende que usuário da rede social tem o direito de saber que sua imagem será utilizada em campanhas publicitárias

Além de publicidade, campanhas sociais como a do Greenpeace são associadas sem que o usuário seja consultado <span>(Internet)</span>Ao curtir uma empresa, a rede social publica uma oferta da mesma ao lado de foto do usuário <span></span>

São Paulo – A Associação de Consumidores Proteste considera abusiva a ação da rede social Facebook de publicar postagens publicitárias associadas aos nomes de usuários que curtem uma determinada página. Pacotes de viagens, roupas, calçados e até campanhas sociais são publicadas na página de amigos do usuário, sem que ele tenha como controlar a publicidade que vai ser associada à sua imagem. Para a Proteste, o fato de curtir uma determinada empresa não dá ao site o direito de se associar o nome à propaganda.

O estudante de jornalismo Leandro Fonseca, de 21 anos, não imaginava que, ao curtir uma página, seu nome seria publicado para seus amigos com uma oferta associada. “Então usam nosso nome para vender?”, questionou. O problema é que a postagem associada à publicidade não aparece na própria página da pessoa, e fica visível apenas para os amigos dela, o que impossibilita o usuário de saber a que está sendo associando seu nome.

“É como se eles me colocassem como garoto-propaganda do produto deles. Usam meu nome para se promover e, o pior, eu não ganho com isso. Me sinto, de alguma forma, exposto e também invadido”, descreve Fonseca.

Para a coordenadora institucional da Proteste, Maria Inês Dolci, essa ação pode ser enquadrada por meio do Código de Defesa do Consumidor. “Consideramos que essa é uma prática abusiva. Portanto, quem se sentir lesado por uma associação de sua imagem a um produto ou oferta deve reclamar nos órgãos de defesa do consumidor”, afirmou.

A estudante Renata Amorim Previatto, de 28 anos, ficou indignada ao saber que sua imagem estava associada à campanha pela libertação dos militantes do Greenpeace presos na Rússia acusados de pirataria. “Achei o cúmulo. Eu não estava ciente disso. Nesse caso eu sequer sei do assunto e nem tenho direito à argumentação. Tenho o direito a opinião própria e o Facebook pode mostrar algo associado a mim que eu posso ser absolutamente contra, por exemplo. Isso poderia me prejudicar no trabalho e até com pessoas”, protestou.

“O usuário, ao curtir, tem de saber que ele pode ser associado à publicidade daquela empresa. E tem de ter o direito de não aceitar”, explica Maria Inês. Porém, ao curtir uma página, não há uma opção nas configurações que permita ao usuário informar que não quer ter sua imagem associada a publicidade daquela empresa ou entidade.

Entre as diversas ações publicitárias estão ofertas e descontos em viagens para parques temáticos, para compra de calçados, celulares, computadores e muitas outras. Os usuários relatam que, de forma, geral, curtem páginas para receber ele mesmos anúncios e notícias das empresas, mas não para eles mesmos a divulgarem.

A farmacêutica Fernanda Souza Lima avalia que o uso do Facebook pressupõe pouca privacidade, mas que este tipo de ação deveria ser impedido. “A gente até sabe que privacidade não combina com o Facebook, mas daí a colocar nossa foto de perfil, que todos os amigos reconhecem, ao lado de uma publicidade não autorizada é um abuso”, afirmou.

Em sua página de publicidade, o Facebook explica os anúncios sociais como uma ação que permite “relacionar a publicidade às pessoas certas”, utilizando informações de ações que o usuário realiza na rede, cruzadas com características do perfil dele. Na página de configurações de privacidade, item anúncios, é possível desativar a ferramenta de anúncios sociais do Facebook, evitando que ação de curtir torne a pessoa uma garota propaganda gratuita da empresa.