Manifestações

Protesto leva centenas ao centro do Rio; PM fere jornalistas em SP

Na Cinelândia, clima é tranquilo, com passeata e cartazes contra o Mundial. Em São Paulo, polícia de Alckmin usa violência para impedir manifestações na zona leste. Defensoria entra com ação contra abusos

Oswaldo Corneti/Fotos Públicas

Manifestantes caminham pela Rua Líbero Badaró, em direção ao prédio da Prefeitura de São Paulo

Centenas de manifestantes fazem passeata pela Avenida Rio Branco, no centro do Rio, em direção à Cinelândia. Um dos principais alvos do protesto é a Copa do Mundo, que começa hoje (12) em São Paulo.

O policiamento está reforçado com homens do Batalhão de Policiamento em Grandes Eventos, Batalhão de Choque e até do Batalhão de Operações Especiais. Entre os manifestantes, estão representantes de movimentos sociais, sindicatos, partidos políticos e cidadãos não identificados com qualquer movimento.

O clima é tranquilo na passeata, com pessoas levando cartazes como “Fifa go Home”, “Copa para Quem?” e “Nossa Copa é na Rua”. Alguns manifestantes recorreram ao bom humor e se fantasiaram. O protesto se concentrou na Candelária na manhã de hoje e saiu por volta das 12 horas, fechando os dois sentidos da avenida que liga a Praça Mauá ao Aterro do Flamengo.

A atriz e produtora cultural Isabel Gomide vestia uma camisa com a estampa “Copa para quem?”. “Estou na rua desde sempre, e o motivo pelo qual estou aqui hoje é que a gente não foi atendido nas manifestações do ano passado. Todos os governos e políticos estão ignorando a potência da voz das ruas. Quanto à Copa do Mundo, é inacreditável ter bilhões e bilhões gastos e a Fifa ter isenção de impostos”, explicou.

Já a servidora Mariana Abreu disse que veio ao centro da cidade para fazer as vozes das ruas serem ouvidas. “Estou aqui contra a corrupção que houve na preparação para a Copa. Sabemos que não vamos conseguir parar a Copa do Mundo, mas pelo menos podemos dizer que estamos de olho. E que estamos acompanhando tudo de errado que foi feito durante a preparação da Copa”, disse.

Em São Paulo, integrantes de movimentos de moradia realizaram manifestação na região central, cruzando a Rua Líbero Badaró em direção ao prédio da prefeitura, sendo apenas acompanhados por policiais. Na zona leste, no entanto, o direito de manifestação não está sendo observado – a violência policial entrou em cena com intuito deliberado de impedi-las.

PM fere jornalistas da CNN em SP

Duas jornalistas da CNN foram feridas ao acompanhar confronto da Tropa de Choque da Polícia Miliar com um grupo de manifestantes que protestam contra a Copa do Mundo, em São Paulo.

Segundo a CNN, a polícia usou gás lacrimogêneo contra o grupo que tentava bloquear pistas próximas à Arena Corinthians, o Itaquerão. De acordo com a CNN, a repórter Shasta Darlington sofreu um pequeno corte no braço e a produtora Barbara Arvanitidis foi atingida no pulso.

Cerca de 200 pessoas participam do ato Sem Direitos Não Vai Ter Copa, organizado pelas redes sociais. Os policiais atiraram várias bombas de efeito moral para conter os manifestantes, que estão na Rua Apucarana, nas imediações da Estação Carrão do Metrô de São Paulo. Os policiais cercaram a estação e tentam evitar que o protesto chegue até a Avenida Radial Leste.

Defensores públicos da Comissão Especial Para a Copa do Mundo da Fifa 2014 acompanham o protesto com o objetivo de garantir o direito a manifestação. Segundo o defensor Jiancarlo Silkunas, esse direito não está sendo respeitado.

Ainda segundo a Defensoria Pública de São Paulo, a situação está mais crítica perto da estação do metrô, e a Polícia Militar já avisou que irá coibir qualquer manifestação que saia do Sindicato dos Metroviários.

A Defensoria Pública informou que, se for confirmado abuso da política nas manifestações, poderá entrar com ação individual na Justiça para pedir indenização do estado. A Defensoria já entrou com uma ação civil pública em que pede à Justiça a determinação de uma série de medidas para coibir excessos por parte de policiais em manifestações públicas, como uso de gás lacrimogêneo e balas de borracha.

A ação também requer o pagamento de indenização por danos morais coletivos pela Fazenda do estado por causa de abusos em oito diferentes manifestações já ocorridas. Se concedida, a indenização será revertida ao Fundo Estadual de Defesa dos Direitos Difusos. A ação ainda não foi analisada pela Justiça.