Com Juca Kfouri

Primeira mulher à frente da OAB-SP credita sua eleição à força do movimento feminista

Patrícia Vanzolini participou do programa Entre Vistas, da ‘TVT’, nessa quinta-feira e falou sobre o crescimento da representatividade das mulheres no país

Reprodução / TVT
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“A aprovação da paridade tem a ver com uma primavera feminista que acredito que estamos vivendo"

São Paulo – A primeira presidente mulher da OAB São Paulo, Patrícia Vanzolini foi a convidada dessa quinta-feira (7) do programa Entre Vistas, na TVT, apresentado pelo jornalista Juca Kfouri.

Patrícia é doutora em direito, professora na Universidade Mackenzie e autora de diversas obras sobre o assunto.

A advogada criminalista foi eleita no ano passado, junto a outras quatro mulheres que também passaram a ocupar a presidência da Ordem dos Advogados do Brasil em outros estados.

Patrícia Vanzolini é a primeira mulher a ocupar o cargo em quase 90 anos da instituição. Ela possui graduação, mestrado e doutorado em direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.

Patrícia foi eleita à presidência da OAB São Paulo em 2021, junto a outras quatro mulheres que também passaram a ocupar o cargo em outras seções da ordem pelo país, cenário muito diferente daquele visto no biênio passado, em que nenhuma das 27 seccionais tinha uma mulher à frente.

A partir de uma resolução aprovada em dezembro de 2020 e publicada em abril do ano seguinte, foi estabelecida a paridade de gênero de 50% e a política de cotas raciais para pretos e pardos no percentual de 30% nas eleições da instituição.

“A aprovação da paridade tem a ver com uma primavera feminista que acredito que estamos vivendo. Teve a ver com o movimento de mulheres nas redes sociais, e com as reivindicações que os presidentes da OAB apoiassem essa causa. Agente vê uma nova etapa, uma nova onda do movimento feminista, somos um pouco fruto desse momento de mudança”, afirmou.

Patrícia Vanzolini nasceu em Santiago, no chile, em 1972, enquanto seus pais fugiam em busca de exílio durante a ditadura militar.

Um ano depois, no entanto, o Chile também sofreu um golpe de estado que instaurou o regime autoritário do general Augusto Pinochet.

É nesse contexto que a presidente da OAB São Paulo lamenta as saudações à ditadura e aos ditadores, proclamadas ainda hoje por figuras de alta visibilidade e poder, como o filho do chefe do executivo, Eduardo Bolsonaro, que no último domingo ironizou, em uma publicação nas redes sociais, a tortura sofrida por Miriam Leitão.

A jornalista foi presa e torturada pela ditadura militar. Em um dos episódios, grávida, foi deixada nua em uma sala escura com uma cobra.

Além de presidir a seccional São Paulo da OAB, Patrícia Vanzolini também dirige o Instituto Movimento 133, que faz alusão ao artigo 133 da Constituição Federal, que garante a inviolabilidade do exercício da profissão do advogado e advogada.

Leia também: ‘Entre Vistas’ desta quinta-feira relembra a morte do reitor Cancellier

Em 2020, a entidade apresentou à câmara dos deputados um projeto de lei, por meio da deputada federal Joenia Wapichana (Rede-RO), que prevê a anulação de atos processuais quando as prerrogativas da advocacia forem violadas durante a realização de atos judiciais.

O caso do ex-presidente Lula é um exemplo recente de nulidade no âmbito da justiça. Após o Supremo Tribunal Federal declarar a parcialidade do juiz Sérgio Moro, as condenações contra o petista foram anuladas pela corte.

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