População de Nova Délhi protesta contra violações sexuais

Em março, o Parlamento indiano aprovou a lei antiviolação, considerada insuficiente pelos ativistas porque 'os homens devem respeitar as mulheres e a polícia deve tomar providências sobre esses crimes'

Desde o fim do ano passado, as ruas da capital indiana são palco de protestos contra estupros (Foto: Reprodução/Telesur)

São Paulo – A capital indiana, Nova Délhi, voltou hoje (22) a ser cenário de protestos contra as violações sofridas por uma menina de cinco anos. Em frente ao Parlamento, manifestantes repudiaram as ações violentas que fizeram a menina ser internada em um hospital da cidade pela gravidade das feridas. “A atitude da polícia e dos políticos diante das violações tem que mudar. O homem que violou a menina não tinha medo”, disse Nandini Rao, uma ativista do Coletivo Cidadão contra o Assédio Sexual.

Segundo pesquisas, a menina desapareceu na segunda (15) e foi encontrada na casa de um vizinho, no mesmo prédio, dois dias depois. Além de violar a criança, os dois agressores, jovens de 22 e 19 anos, não deram água nem alimentos à menina no período em que ela ficou sequestrada. 

O ministro do Interior Sushilkumar Shinde assegurou que há várias investigações abertas sobre o caso, além da violação, para esclarecer a atuação da polícia. Três oficiais foram suspensos – dois deles por supostas falhas nos procedimentos e um por agredir uma mulher em uma manifestação. Os pais da menina alegam que os policiais encarregados não tomaram as devidas providências e que chegaram a lhes oferecer US$ 36,62 para não fazerem o registro da ocorrência.

Para os ativistas, a lei antiviolação aprovada há um mês na índia “não é suficiente”. Para a advogada Kerry McBroom, do Human Rights Law Network, todos devem ser responsáveis pela mudança: “Os homens devem respeitar as mulheres e a polícia deve tomar providências.”

Desde dezembro de 2002, inúmeros protestos contra violações vêm ocorrendo no país e suscitaram debates sobre a situação da mulher. Os protestos fizeram o Parlamento aprovar, no mês passado, leis que endurecessem as penas contra os agressores sexuais. Na Índia, a pena máxima para o delito de violação sexual é a prisão perpétua, mas os casos de violações, individuais ou coletivas, são comuns e costumam ficar impunes. No país, as mulheres constituem quase 90% das 256.329 mil vítimas de crimes violentos registrados em 2011, segundo dados oficiais.