Perfil dos idosos está em transformação, afirma especialista

A busca por qualidade de vida é cada vez maior na terceira idade, mas abandono da família e rendimentos ainda são problemas

Na busca por qualidade de vida, cada vez mais idosos mantêm uma prática constante de exercícios físicos (Foto: Agência Brasil/Fábio Rodrigues Pozzebom)

Cabelos brancos, experiência de vida e vontade de viver e aprender. De acordo com a professora assistente da Universidade Estadual Paulista (Unesp/Bauru), Neusa Maria Carvalho Barbosa, especialista em condicionamento físico para a terceira idade, os vovôs e vovós de antigamente, aos poucos estão dando lugar, a homens e mulheres ativos, independentemente da idade.

“Aos poucos, está acabando a história de que aposentadoria e cabelo branco é o fim da história. Para muitos é o começo”, pondera a professora Neusa. “Dança, viagens, ginástica, artesanato, universidade. A cada dia crescem as opções para o idoso ter mais qualidade de vida, independência e alegrias”, destaca.

Entretanto, ela adverte que o número de idosos negligenciados pela família também é grande. “É dolorido para eles aceitarem que seus filhos não querem dar os cuidados necessários. Vejo muitos dos meus alunos (de ginástica) passarem por isso”, lamenta.“Sem falar na aposentadoria. Essas pessoas sofrem sem condições financeiras”, acrescenta Neusa.

A qualidade de vida dos idosos no Brasil, ou a falta dela, também preocupa o Sindicato Nacional dos Trabalhadores Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sintapi-CUT). De acordo com Epitácio Luiz Epaminondas, presidente da entidade sindical, 18 milhões de pessoas recebem um salário mínimo de aposentadoria que, muitas vezes, é insuficiente para as necessidades da terceira idade. “Há muitos anos lutamos por uma política de valorização do salário mínimo. Finalmente conquistamos um patamar melhor, mas precisamos ir além”, projeta.

Epaminondas afirma que a negociação realizada recentemente entre centrais sindicais e governo vai melhorar o salário dos 26,7 milhões de aposentados. “Além da valorização do salário mínimo, que conquistamos nos últimos anos, vamos conseguir agora um aumento real para quem ganha mais que o mínimo”, comemora.

Para o dirigente sindical, o Estatuto do Idoso, que completa seis anos de promulgação nesta quinta-feira (1º), é um grande avanço para quem tem mais de 60 anos, mas alerta: “precisamos que ele seja real e não letra morta”.

Idosos

Em entrevista à Rede Brasil Atual, Epaminondas citou a questão da moradia para idosos como um dos itens do estatuto que precisam ser regulamentados: “consta que 3% das habitações devem ser construídas de forma apropriada e destinadas a idosos, mas isso ainda não acontece”.

Por outro lado, ele aponta que na área de saúde, o estatuto garantiu importantes progressos. “Tem a questão da Farmácia Popular, subsídio de 90% nos remédios para diabetes, por exemplo”. “Como nada vem de graça para o trabalhador, temos muita luta pela frente”, finaliza o dirigente.