São Paulo – O assessor de movimentos sociaisFrei Betto, comentarista da Rádio Brasil Atual, afirmou hoje (9) que o documento lançado pelo papa Francisco no fim de novembro, intitulado A alegria do Evangelho, “põe o dedo na ferida” dos defensores do capitalismo. No texto, o papa contesta a teoria de que o livre mercado é capaz de promover a inclusão social e reforça que os interesses do capital não podem estar acima dos direitos humanos.

“Enquanto os lucros de poucos crescem exponencialmente, os da maioria situam-se cada vez mais longe do bem-estar daquela minoria feliz. Tal desequilíbrio provém de ideologias que defendem a autonomia absoluta dos mercados e a especulação financeira. Por isso, negam o direito de controle dos Estados, encarregados de velar pela tutela do bem comum. Instaura-se uma nova tirania invisível, às vezes virtual, que impõe, de forma unilateral e implacável, as suas leis e as suas regras.

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Já não se trata simplesmente do fenômeno de exploração e opressão, mas de uma realidade nova: com a exclusão, fere-se, na própria raiz, à sociedade onde se vive, pois quem vive nas favelas, na periferia ou sem poder já não está nela, mas fora. Os excluídos não são explorados, mas resíduos, sobras”, escreveu o papa.

Para Frei Betto, o documento do papa Francisco “incomodou a poderosa cadeia de televisão norte-americana CNN”, que chegou a conceder ao líder religioso a medalha de papelão. O símbolo é destinado a pessoas que não entendem sobre economia. “Ninguém de nós ignora que o capitalismo é um êxito para um terço da humanidade, mas fracassou para os outros dois terços. São 4 bilhões de pessoas que, segundo a Organização das Nações Unidas, vivem abaixo da linha da pobreza”, argumenta o comentarista.

Ouça o comentário completo de Frei Betto na Rádio Brasil Atual