Pará espera ter 54 Cidades Digitais até o fim do ano

Projeto tido como exemplo no setor, NavegaPará é um dos casos a serem estudados no 1º Fórum Nacional das Cidades Digitais, que será realizado no próximo mês em Brasília

Alunos de escola de Marabá, no sudeste paraense, durante inauguração de sala digital (Foto: Eunice Pinto/Agência Pará)

Apontado como exemplo na implantação de Cidades Digitais, o NavegaPará espera chegar a 2 milhões de habitantes até o fim do ano. O programa do governo paraense começou a ser efetivamente implantado em 2008 com a passagem de redes de fibra óptica por todo o estado, oferecendo internet de banda larga a locais em que nem mesmo a telefonia celular havia chegado.

As Cidades Digitais têm informatizado a administração pública, tornando-a mais eficiente, além de realizarem mudanças nas áreas de saúde, segurança e educação. Todos os municípios beneficiados pelo NavegaPará ganham uma área pública de internet por banda larga sem fio, além de “infocentros” nos quais as pessoas podem acessar o serviço gratuitamente.

Maurílio Monteiro, secretário de Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia do Pará, explica à Rede Brasil Atual que efetivamente é uma estratégia que barateia custos. “Como a estrutura é muito dispersa, estamos usando esse mix de fibra óptica e rádio. É uma estratégia que tem sido muito exitosa e que permitiu interligar um milhão de usuários dispersos pela Amazônia.”

Alguns dos usuários beneficiados pela primeira fase do NavegaPará estão em Abaetetuba, a 290 quilômetros de Belém. Na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Pedro Teixeira, o programa chegou em junho em substituição a uma outra conexão que era muito mais lenta e que não possibilitava desenvolver tantas atividades.

A diretora Luciene Viégas da Silva conta que reuniu os professores para debater o que poderia ser feito em posse da banda larga, e agora todas as funções administrativas da escola estão interligadas, há cursos que são oferecidos inclusive aos fins de semana e as notas dos boletins são lançadas no sistema. “Nossos alunos podem fazer pesquisa para os trabalhos muito rapidamente. Além disso, recebemos alunos de outras escolas para que eles tenham acesso a essa informatização”, afirma.

Carlos Calazans, diretor do Guia das Cidades Digitais e um dos promotores do 1º Fórum Nacional das Cidades Digitais, que ocorre no próximo mês em Brasília, elogia o programa, e afirma que o que ainda falta no Brasil é que poucos municípios têm a sustentabilidade, ou seja, algo que perpassa governos, porque normalmente as iniciativas são muito políticas.

No caso paraense, a ação do Estado era a única alternativa, uma vez que o meio privado não tem interesse na região, conta o secretário Maurílio Monteiro: “Muito concretamente, aqui na Amazônia temos dificuldade muito grande em telecomunicações porque são áreas pouco adensadas, é uma população com poder aquisitivo muito baixo e que não tem sido alvo preferencial dessas empresas”.

Pensando nisso, o governo federal deve lançar ainda este ano o Plano Nacional de Inclusão Digital, com a montagem de 3 mil telecentros em todo o país. Cidades com baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) serão priorizadas.

Para Luciene, a inclusão digital em um bairro carente como o de Algodoal, onde fica a escola que ela administra, pode fazer a diferença. Pensando na comunidade local são dados cursos de aperfeiçoamento profissional usando a internet. “A gente oferece esse tipo de formação para dar outra visão a eles”, afirma.

Mas ainda falta um passo básico, pelo menos na Escola Pedro Teixeira. Se chegou a conexão, máquinas novas não vieram na mesma velocidade. A unidade, que abriga 2 mil alunos ao longo de três turnos diários, tem apenas 20 computadores disponíveis para os estudantes – os demais são usados para funções administrativas. A diretora aponta que o número de computador para as turmas fica praticamente inviável ministrar uma aula com três alunos para cada máquina.