Pará espera ter 54 Cidades Digitais até o fim do ano
Projeto tido como exemplo no setor, NavegaPará é um dos casos a serem estudados no 1º Fórum Nacional das Cidades Digitais, que será realizado no próximo mês em Brasília
Publicado 17/09/2009 - 16h23
Alunos de escola de Marabá, no sudeste paraense, durante inauguração de sala digital (Foto: Eunice Pinto/Agência Pará)
Apontado como exemplo na implantação de Cidades Digitais, o NavegaPará espera chegar a 2 milhões de habitantes até o fim do ano. O programa do governo paraense começou a ser efetivamente implantado em 2008 com a passagem de redes de fibra óptica por todo o estado, oferecendo internet de banda larga a locais em que nem mesmo a telefonia celular havia chegado.
As Cidades Digitais têm informatizado a administração pública, tornando-a mais eficiente, além de realizarem mudanças nas áreas de saúde, segurança e educação. Todos os municípios beneficiados pelo NavegaPará ganham uma área pública de internet por banda larga sem fio, além de “infocentros” nos quais as pessoas podem acessar o serviço gratuitamente.
Maurílio Monteiro, secretário de Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia do Pará, explica à Rede Brasil Atual que efetivamente é uma estratégia que barateia custos. “Como a estrutura é muito dispersa, estamos usando esse mix de fibra óptica e rádio. É uma estratégia que tem sido muito exitosa e que permitiu interligar um milhão de usuários dispersos pela Amazônia.”
Alguns dos usuários beneficiados pela primeira fase do NavegaPará estão em Abaetetuba, a 290 quilômetros de Belém. Na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Pedro Teixeira, o programa chegou em junho em substituição a uma outra conexão que era muito mais lenta e que não possibilitava desenvolver tantas atividades.
A diretora Luciene Viégas da Silva conta que reuniu os professores para debater o que poderia ser feito em posse da banda larga, e agora todas as funções administrativas da escola estão interligadas, há cursos que são oferecidos inclusive aos fins de semana e as notas dos boletins são lançadas no sistema. “Nossos alunos podem fazer pesquisa para os trabalhos muito rapidamente. Além disso, recebemos alunos de outras escolas para que eles tenham acesso a essa informatização”, afirma.
Carlos Calazans, diretor do Guia das Cidades Digitais e um dos promotores do 1º Fórum Nacional das Cidades Digitais, que ocorre no próximo mês em Brasília, elogia o programa, e afirma que o que ainda falta no Brasil é que poucos municípios têm a sustentabilidade, ou seja, algo que perpassa governos, porque normalmente as iniciativas são muito políticas.
No caso paraense, a ação do Estado era a única alternativa, uma vez que o meio privado não tem interesse na região, conta o secretário Maurílio Monteiro: “Muito concretamente, aqui na Amazônia temos dificuldade muito grande em telecomunicações porque são áreas pouco adensadas, é uma população com poder aquisitivo muito baixo e que não tem sido alvo preferencial dessas empresas”.
Pensando nisso, o governo federal deve lançar ainda este ano o Plano Nacional de Inclusão Digital, com a montagem de 3 mil telecentros em todo o país. Cidades com baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) serão priorizadas.
Para Luciene, a inclusão digital em um bairro carente como o de Algodoal, onde fica a escola que ela administra, pode fazer a diferença. Pensando na comunidade local são dados cursos de aperfeiçoamento profissional usando a internet. “A gente oferece esse tipo de formação para dar outra visão a eles”, afirma.
Mas ainda falta um passo básico, pelo menos na Escola Pedro Teixeira. Se chegou a conexão, máquinas novas não vieram na mesma velocidade. A unidade, que abriga 2 mil alunos ao longo de três turnos diários, tem apenas 20 computadores disponíveis para os estudantes – os demais são usados para funções administrativas. A diretora aponta que o número de computador para as turmas fica praticamente inviável ministrar uma aula com três alunos para cada máquina.