Pressão

Movimento pró Unifesp na zona leste de São Paulo fará ato para cobrar diálogo

Avaliação é de que falta transparência e agilidade da reitoria no cronograma de abertura do campus. Unifesp diz entender necessidade de rapidez, mas argumenta que é importante fazer debate profundo

arquivo RBA

Terreno onde será instalado o campus da Unifesp na Zona Leste da capital

São Paulo – Moradores que lutam pela instalação de um campus da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) na zona leste da capital paulista irão realizar no próximo sábado (26), a partir das 9h, um ato no terreno em que o campus será instalado. O objetivo é pressionar a reitoria da universidade para agilizar o andamento e dar mais transparência ao cronograma para levar a unidade de ensino superior à região.

“Tem de ter um cronograma, ação de planejamento, com prazos. E a gente tem de estar dentro do processo de implementação. Não adianta dizer que vai implantar e esquecer o movimento, esquecer as lideranças”, exige o militante do movimento Nossa Zona Leste, Luis França. Os ativistas pretendem realizar um piquenique no terreno para fazer a posse simbólica da área e “mostrar que a luta apenas começou”.

Segundo França, desde que Soraya Soubhi Smaili assumiu a reitoria da universidade, em fevereiro, a conversa arrefeceu. “Não digo que a reitoria não é proativa. Digo que é lenta”, define. “Houve uns desencontros nesses últimos dois meses e agora estamos tentando através desse ato retomar o diálogo e avançar nas propostas.” O movimento pede a imediata instalação de um curso de Direito.

O terreno na avenida Jacu-Pêssego foi cedido pela prefeitura de São Paulo em janeiro, depois de seis anos de pressão da comunidade e ainda aguarda a apresentação de um laudo da Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente apontando a existência ou não de contaminação no solo. O chefe da pasta, Ricardo Teixeira, tinha se comprometido, em uma audiência pública na Câmara Municipal, em junho, entregar o documento em julho, mas o prazo foi adiado para dezembro.

O entrave burocrático, no entanto, não tem sido empecilho para dar andamento nos processos de instalação, afirma a Unifesp, que nega a falta de diálogo. “Desde o começo do ano estamos trabalhando do ponto de vista da elaboração da proposta pedagógico. Já fizemos duas audiências públicas”, argumenta o assessor do gabinete da reitoria, Javier Amadeo.

“O prédio será construído em função das necessidades do projeto pedagógico do campus”, defende. “Instalamos uma comissão com oito representantes que vão se reunir com oito representantes de movimentos sociais da região e nesse momento será feita a discussão sobre isso e sobre quais serão os primeiros cinco cursos instalados.”

Essa discussão deve tomar entre seis e doze meses, acredita. Só após o seu término, será elaborado o edital para a construção do prédio. “Porque é muito diferente um curso de Ciências Sociais de um de Medicina”, pontua Amadeo. Certo é que antes de 2015, mantida essa tramitação, ninguém conseguirá iniciar graduação no novo campus.

A Unifesp garante que as primeiras aulas no novo campus serão de extensão universitária. Na próxima semana deve ser iniciada a reforma,financiada pela prefeitura, de um prédio localizado dentro do terreno. O local irá abrigar as atividades de extensão, três salas de aula, laboratórios de informática, um observatório de políticas públicas e salas administrativas, além da possibilidade de um auditório e sala de cinema. As obras devem durar entre 60 e 90 dias. “Estamos empenhados para que o tempo seja o mais curto possível. Mas, ao mesmo tempo, entendemos que seja preciso uma discussão séria, qualificada”, afirma Amadeo.