Júri condena dois acusados da chacina de Felisburgo

conflito agrário

Antonio Cruz / ABr

Protesto do MST em Brasília contra morosidade da Justiça para julgar réus da chacina, em maio passado

Brasília – O fazendeiro Adriano Chafik e Washington Agostinho da Silva foram condenados a 115 anos de prisão e a 97 anos e seis meses de prisão, respectivamente, pelos crimes de homicídio qualificado, lesão corporal, incêndio e formação de quadrilha. Eles respondem pela morte de cinco trabalhadores rurais e por lesões corporais de mais sete integrantes do acampamento Terra Prometida, na Fazenda Nova Alegria, em novembro de 2004, na cidade mineira de Felisburgo.

O julgamento começou na manhã de ontem (10), no Fórum Lafayette, em Belo Horizonte, mas a sentença só foi lida às 2h de hoje pelo juiz do 2º Tribunal do Júri da capital, Glauco Eduardo Soares Fernandes, que fixou as penas. Os réus foram absolvidos da acusação de tentativa de homicídio contra cinco das vítimas.

O julgamento de Chafik e Da Silva tinha sido adiado em duas ocasiões anteriores, no dia 15 de maio e 21 de agosto. Chafik, que chegou a ficar preso por um ano, mas ganhou liberdade após uma medida judicial, alegou que seus empregados tiveram que disparar contra os camponeses em legítima defesa.

Os réus, porém, poderão recorrer em liberdade. O juiz Fernandes concedeu o direito ao considerar que eles estão beneficiados por liminar do Superior Tribunal de Justiça (STJ). O pedido será analisado até segunda-feira (14). Os passaportes dos réus serão recolhidos, para coibir possíveis tentativas de fuga.

O julgamento dos quatro acusadosfoi desmembrado e o júri de outros dois réus do caso, Francisco Rodrigues de Oliveira e Milton de Souza, será no dia 23 de janeiro de 2014. Eles são acusados de homicídio qualificado, tentativa de homicídio e incêndio do acampamento dos sem-terra.

O Massacre de Felisburgo ocorreu em 20 de novembro de 2004. Os agricultores Iraguiar Ferreira da Silva, de 23 anos; Miguel Jorge dos Santos, 56 anos; Francisco Nascimento Rocha, 72 anos; Juvenal Jorge da Silva, 65 anos; e Joaquim José dos Santos, 48 anos, foram mortos a tiros, à queima-roupa. Ao menos 17 pessoas ficaram feridas, inclusive crianças. Para o Ministério Público, Chafik comandou o ataque logo depois de perder uma ação de reintegração de posse para o MST.