Levante Popular

Movimento fará acampamento para elaborar programa político para juventude

Levante também compõe a Frente Brasil Popular, junto a outros movimentos sociais e centrais sindicais, e tem se posicionado frontalmente contra a proposta de impeachment da presidenta Dilma

Levante Popular da Juventude

Militantes do Levante participaram do ato de terça-feira (8) pelo Dia Internacional da Mulher

São Paulo – O Levante Popular da Juventude, movimento social que realizou os escrachos contra torturadores do período da ditadura (1964-1985) durante as investigações da Comissão Nacional da Verdade, realizou ontem (10), em São Paulo, o lançamento de seu terceiro acampamento nacional, em que pretende construir um programa político para a juventude brasileira.

O encontro vai ser realizado em setembro, em Minas Gerais, e o Levante espera reunir 7 mil jovens, durante os cinco dias de encontro. Qualquer jovem interessado pode participar do acampamento e dos debates. As inscrições serão abertas em maio, por meio da página do Levante na internet.

O Levante compõe a Frente Brasil Popular, junto a outros movimentos sociais e centrais sindicais, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e a CUT. E tem se posicionado frontalmente contra a proposta de impeachment da presidenta Dilma Rousseff e a recente ação da Polícia Federal (PF) contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, conduzido à força para depor no aeroporto de Congonhas na última sexta-feira (4), no âmbito da Operação Lava Jato.

“Nossa leitura é que o juiz Sérgio Moro, por meio do poder judiciário, tem agido de forma bem parcial. Ele tem eleito o campo da esquerda. Quando você ataca o Lula, você ataca a esquerda. Estão fazendo toda a movimentação possível nesse sentido”, afirmou a militante do Levante Laryssa Sampaio. “Independente das críticas que realizamos aos governos Lula e Dilma, inclusive pela incapacidade de avançar na democratização da mídia, da qual o próprio Lula é vítima, não se pode deixar de denunciar que o que está em curso é a constituição de um Estado de exceção”, completou.

Para a militante, é preciso que operações que investigam casos de corrupção não podem colocar em risco a democracia, mas sim fortalecê-la. “Queremos que de fato se apurem os casos de corrupção. Se o Lula realmente teve envolvimento em algum esquema, que ele seja punido. Mas que não seja uma balança torta. Tem de investigar todos os casos, sem parcialidade. Já houve várias denúncias contra o senador Aécio Neves (PSDB), por exemplo, mas isso foi retirado, tanto do noticiário da grande imprensa, como do processo judicial”, ressaltou.

Segundo Laryssa, o movimento estuda a realização de mobilizações para denunciar o golpismo que vem se estruturando nas ações midiáticas e judiciais recentes. De certo, o Levante estará presente nas manifestações dos dias 18 e 31 deste mês, contra o golpe, em defesa da democracia e contra as medidas neoliberais para melhorar a economia. “Vamos somar em todos os atos para defender a democracia dessa tentativa da direita de voltar ao poder de qualquer jeito”, disse.

Entre outras ações, o Levante realizou várias manifestações contra a redução da maioridade penal, que foi aprovada na Câmara, por meio da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 171/1993. E foram responsáveis pelo protesto em que dólares falsos foram lançados contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), réu nas investigações de corrupção na Petrobras, suspeito de ter recebido e omitido US$ 5 milhões em propinas para garantir contratos de sondas.