7ª pesquisa mobilidade

Faixas exclusivas de ônibus têm apoio de 93% da população paulistana

De acordo com pesquisa Ibope encomendada pela Rede Nossa São Paulo, 79% dos que usam carro deixariam o veículo em casa se o transporte público melhorasse

©marco antonio ambrosio/frame/folhapress

A média de tempo gasta por dia no trânsito é duas horas e 15 minutos e, por incrível que pareça, já foi maior

São Paulo – O aumento das faixas exclusivas para ônibus em São Paulo tem o apoio de 93% da população da cidade, segundo a 7ª edição da Pesquisa de Mobilidade Urbana, encomendada pela Rede Nossa São Paulo e realizada pelo Ibope. A pesquisa ouviu 805 pessoas entre 20 e 27 de agosto. O fortalecimento do transporte público como solução para a melhoria do trânsito aparece em outros itens, como o número de entrevistados que deixariam o carro em casa se o transporte público melhorasse. O índice alcançou 79% neste ano, um aumento em relação aos 65% verificados em 2012.

Este item considera os que “certamente deixariam” (61%) e os que “provavelmente deixariam” (18%) o carro em casa. Em números proporcionais seria como se 1,8 milhão de pessoas deixassem de usar o carro diariamente, o que corresponde a 21% da população paulistana.

Das pessoas que nunca utilizam ônibus, 25% afirmam que migrariam para o transporte coletivo se o tempo de espera nas paradas fosse reduzido. Outros 23% afirmam que usariam se ele fosse mais confortável, o que considera, por exemplo, a lotação dos ônibus. A cobertura de trajetos hoje não realizados pelos ônibus foi a resposta de 14% das pessoas, seguido pelos que afirmam que a tarifa de ônibus é um impeditivo para sua utilização, com 13% dos entrevistados.

A nota média na avaliação do serviço de ônibus foi baixa. Nenhum item superou 5, em uma escala de zero a 10. Os mais mal avaliados foram a lotação dos ônibus (nota 3,4), a duração da viagem (3,9), a pontualidade (4,1) e o tempo de espera (4,2).

Para o secretário Municipal de Transportes, Jilmar Tatto, presente ao lançamento da pesquisa, os números apresentados mostram que a prefeitura está no caminho certo. “Os itens com pior avaliação são justamente aqueles que serão atacados com a implementação das faixas e corredores exclusivos. Porque todos têm a ver com a velocidade dos coletivos”, afirmou.

Trânsito

De acordo com a pesquisa, para 69% o trânsito é ruim ou péssimo. No entanto, a percepção de que o trânsito na cidade piorou após a instalação das faixas foi desconstruída pela pesquisa. No ano passado, 80% da população considerava o trânsito ruim ou péssimo. Na média dos quatro anos anteriores, os números variam entre 77% (2011), 68% (2010), 71% (2009) e 70% (2008). “Mais uma vez, está demonstrado que não é faixa de ônibus que causa o trânsito e que a população sabe que o problema não é de agora”, afirmou Tatto.

A média de tempo gasta por dia no trânsito é duas horas e 15 minutos para 38% dos entrevistados. Porém, apesar de ainda ser considerada alta, esta média também está em redução ao longo do histórico da pesquisa. A média em 2011 era de duas horas e 49 minutos e em 2012 foi de duas horas e 23 minutos.

Percorrer os caminhos a pé ainda lidera as formas de mobilidade do paulistano. Neste ano, 54% da população afirmou fazer trajetos a pé diariamente. Os dados demonstram um crescimento acentuado nos trajetos de pedestre, que em 2011 eram 50% e, em 2010, 35%. Os que percorrem caminhos de ônibus apresentaram ligeira redução em relação ao ano passado, quando eram 26%. Hoje são 24%. O uso do carro particular manteve-se estável, com 14% da população afirmando se deslocar de carro diariamente.

No entanto, o diretor do Ibope, Hélio Gastaldi, ponderou que os dados não podem ser observados isoladamente, pois apresentam variações em geral pequenas. E que, no caso da modalidade de transporte, muitas pessoas utilizam mais de um modal. Neste caso, ele destacou que 58% dos entrevistados utilizam mais de um meio de transporte diariamente, enquanto 42% utilizam apenas um.

Tarifa zero e impostos

Defendido pela Frente Nacional de Prefeitos, o aumento de impostos sobre a gasolina – combustível utilizado por automóveis individuais – para financiar o transporte público divide as opiniões. Entre os que usam carro, 53% são contrários à proposta, e 45%, favoráveis. Entre os que não usam carro, 53% defendem o aumento de impostos, enquanto 41% são contra.

Para o coordenador da Rede Nossa São Paulo, Maurício Broinizi, os números são positivos. “Essa é uma proposta nova e muita gente ainda não teve oportunidade de compreender a ideia. Acredito que com o passar do tempo a tendência é de maior aceitação da proposta, como ocorre com as faixas de ônibus”, explicou.

A pesquisa também questionou a população sobre a Tarifa Zero, projeto defendido pelo Movimento Passe Livre nas manifestações de junho deste ano. A respeito da forma de financiamento do transporte, 56% defendem uma tarifa intermediária, em que metade dos custos é paga pelo usuário e metade pelo poder público. A tarifa zero, custeada integralmente pelo Estado, é defendida por 34%, enquanto 7% defendem tarifa totalmente paga pelo usuário.

A respeito da viabilidade da proposta, 46% acreditam que é possível implementar o Tarifa Zero e 21% acham que é inviável. Para 29%, ela deveria valer só para estudantes e desempregados.