Especialistas discutem mídia e infância para construção de plano dos direitos humanos da criança

Para Ariel de Castro Alves, é importante repensar a programação da televisão, valorizar o desenvolvimento infantil na grade de programas e evitar a superexposição de crianças (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil) […]

Para Ariel de Castro Alves, é importante repensar a programação da televisão, valorizar o desenvolvimento infantil na grade de programas e evitar a superexposição de crianças (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)

Brasília – A exploração da publicidade infantil e o uso excessivo de imagens de crianças na mídia serão temas discutidos durante o processo de construção do novo plano decenal dos direitos humanos da criança e do adolescente. A discussão faz parte da comemoração dos 20 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

Segundo o vice-presidente da Comissão de Crianças e Adolescente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e integrante do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda), Ariel de Castro Alves, é importante repensar a programação da televisão, valorizar o desenvolvimento infantil na grade de programas e evitar a superexposição de crianças.

“É necessário [que esses programas] sejam voltados à educação, ao diálogo e ao debate, que tragam uma reflexão. Em alguns momentos determinadas abordagens na mídia têm gerado efeitos contrários, como, por exemplo, a questão da pedofilia. Repensar como esses temas serão apresentados é fundamental para que vítimas desse mal não sofram traumas”, explica.

Ariel ainda afirma que algumas das proposições do novo plano decenal com relação à programação nos meios de comunicação deverá ser desenvolvida com o auxílio de crianças e adolescentes com o intuito de dar voz a esse público e, principalmente, mudar o foco dos temas que hoje são abordados de uma forma geral pela mídia.

Para a secretária nacional de promoção dos direitos da criança e do adolescente, Carmen Silveira de Oliveira, as novas mídias ao mesmo tempo que desenvolveram formas diferenciadas de socialização também alastraram problemas como a pedofilia e o bullying (violência física ou psicológica que atinge uma pessoa ou grupo específico).

“Ao mesmo tempo que as novas mídias levaram a um novo tipo de sociabilidade ainda percebemos que esse processo é marcado por exclusões, pelos segmentos. A discussão entre o público infantil e os veículos de comunicação em geral serão importantes para pensar em soluções viáveis, tirando a imagem de exploração da criança, que hoje tem predominado seja na publicidade ou nos noticiários, quando tratam a criança apenas como seres marginalizados”, afirma.

Esses temas estão sendo discutidos nesta terça-feira (19), em Brasília, durante o Seminário Infância e Comunicação. Entidades ligadas à infância e juventude devem traçar, além dessas questões, metas para o desenvolvimento da criança não apenas do ponto de vista midiático, mas cultural e educacional que deverão ser incorporadas ao Plano Decenal e à Política Nacional de Direitos Humanos de Crianças e Adolescentes desenvolvida pelo Conanda.