Deputados visitam cratera do Metrô de São Paulo e pedem investigação sobre possíveis falhas
Parlamentares querem criação de comissão para acompanhar futuro da obra
Publicado 04/02/2022 - 16h02
São Paulo – Os deputados estaduais Jorge do Carmo e Enio Tatto, ambos do PT, realizaram uma diligência, nesta sexta-feira (4), na cratera aberta na Marginal Tietê, durante uma obra da Linha 6-Laranja do Metrô. Os parlamentares pedem investigação sobre as possíveis falhas que resultaram no desabamento e apontam para a criação de uma comissão na Assembleia Legislativa (Alesp) para acompanhar o caso.
De acordo com Jorge do Carmo, presidente da Comissão de Infraestrutura da Alesp, foi proposta a criação de uma Comissão de Representação Suprapartidária para acompanhar os trabalhos de apuração das responsabilidades civis e administrativas pela nova cratera do Metrô, por meio de diligências e oitivas de autoridades do Estado e das empresas envolvidas na execução da obra.
“Essa comissão é para criar um trabalho amplo e acompanhar a apuração do caso, junto ao Ministério Público e a Polícia Científica, para entender se o acidente ocorreu a partir de uma ilicitude. Outras medidas que vamos propor é convocar representantes da Companhia de Saneamento Básico do Estado (Sabesp) e o secretário de Infraestrutura (Marcos Penido) para ir à Assembleia e prestar contas sobre essa obra”, afirmou o parlamentar à RBA.
Riscos da obra
A cratera que se abriu na Marginal Tietê, na manhã da última terça-feira (1º), em São Paulo, foi causada pelo rompimento de uma supertubulação de esgoto, segundo a Sabesp. O incidente ocorreu por volta das 9h, ao lado de um canteiro de obras da Linha 6-Laranja do Metrô, na Freguesia do Ó, zona norte da capital paulista. Um trecho do asfalto cedeu e a via foi interditada, causando mais de 20 quilômetros de engarrafamento na região.
Como consequência, o poço do Metrô e a cratera foram inundados pelo material saído da adutora. Cerca de 50 operários atuam nas escavações da obra estavam no túnel, mas ninguém se feriu. Quatro trabalhadores que tiveram contato com a água contaminada foram internados por precaução.
Além dos parlamentares, o presidente do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, Wagner Fajardo, também esteve na diligência. “O sindicato também esteve presente e foi importante a participação, pois eles dizem que o acidente da Linha-4, ocorrido em 2007, assim como esse, não houveram fiscalização do estado na obra, nem sobre o projeto. O que é diferente quando o trabalho é feito pelo Metrô”, explicou Jorge do Carmo.
Segundo o deputado estadual, parte da população se sente insegura e é preciso entender os locais que a empresa espanhola Acciona, responsável pela obra, está escavando e se há mais riscos no futuro. De acordo com ele, cerca de R$ 22 bilhões já foram gastos no projeto, o que mostra ineficiência da Parceria Pública Privada (PPP).
“Esse modelo de gestão tem se mostrado ineficiente, seja financeiramente, quanto em sua estrutura. O acidente na estação de Pinheiros quadruplicou o custo da obra e ninguém foi responsabilizado. Esse modelo de PPP, defendido pelo governo Doria, é ineficaz. O Estado está sem fiscalizar uma obra desse tamanho e o Metrô, que é uma empresa pública, é escanteado na fiscalização”, concluiu.