Lei da bala

CUT exige punição por mortes perto de acampamento do MST no Paraná

Central adverte ainda para o risco, com o avanço do golpe contra a democracia, de liberdade para latifundiários praticarem grilagem e massacres

MST

A CUT chama de massacre o assassinato a tiros, pelas costas, de dois sem-terra na ação que feriu outros 22

São Paulo – A CUT divulgou hoje (8) nota de solidariedade ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) pela morte de Vilmar Bordim e Leonir Bhorbak, na tarde de ontem (7), em ação da Polícia Militar do Paraná que teve participação de seguranças a serviço da madeireira Araupel. Foram feridos outros 22 trabalhadores rurais. Amanhã, às 10h, o MST vai realizar um ato nacional contra a violência, em solidariedade às famílias das vítimas e pela reforma agrária.

O crime ocorreu na área rural de Quedas do Iguaçu, a seis quilômetros do Acampamento Dom Tomás Balduíno, dentro do perímetro de uma área que a Justiça decretou como de propriedade da União.

A CUT classificou a ação policial como massacre. “A mídia fala em confronto. Não foi confronto. Foi massacre. Em 29 de abril do ano passado, a PM do Paraná agrediu violentamente professores que lutavam por seus direitos em frente à Assembleia Legislativa. A tática dos reacionários e ditadores é tentar calar com cassetetes e balas as vozes que lutam e reivindicam direitos de forma pacífica”, afirma a nota.

A central exige investigação séria e transparente, por órgãos federais, e punição de todos os responsáveis, executores e mandantes, além do afastamento imediato da PM da região e a retirada da segurança privada contratada pela Araupel, a garantia de segurança e proteção a todos os trabalhadores do MST acampados na região, e que todas as áreas griladas pela empresa Araupel sejam destinadas para reforma agrária, assentando as famílias acampadas.

“Essa também é uma demonstração do que nos espera se não conseguirmos barrar o golpe que está em curso no país”, segue a nota. “Se os conservadores voltarem ao poder, os grandes latifundiários serão privilegiados e muitos estarão livres para praticarem a grilagem e promoverem massacres usando a ‘lei da bala’ de forma impune.”

O MST organiza a luta por terra na região há quase 20 anos. Só no latifúndio da Araupel foram assentadas mais de 3 mil famílias.

De acordo com o advogado Claudemir Torrente, “todas as vítimas foram baleadas pelas costas, demonstrando que estavam fugindo e não em confronto com os policiais”. Logo após o crime, a PM isolou a área por algumas horas impedindo a aproximação de familiares das vítimas, advogados e imprensa. Advogados que estavam no local denunciaram que policiais removeram os corpos e objetos da cena do crime sem a presença do Instituto Médico-Legal (IML).

Com informações do Brasil de Fato