consciência negra

Contra preconceito, garoto de 11 anos ensina respeito a toda diversidade

Há um ano, o garoto Gustavo Gomes dava uma aula de igualdade racial e de cidadania, em matéria da TVT que ganhou as redes socias

reprodução/TVT

“Todo mundo tem que estar num conjunto, numa equipe bem grande, para a gente poder combater o preconceito”

São Paulo – Em novembro do ano passado uma reportagem do Seu Jornal, da TVT, mostrava um entrevista do garoto Gustavo Gomes da Silva Santos que, com apenas 10 anos, deu uma verdadeira aula de igualdade racial e de cidadania. O resgate daquela reportagem marca o início de mais um mês da consciência negra.

O vídeo das declarações de Gustavo já foi visto mais de 400 mil vezes no Youtube e no Facebook, e o estudante recebeu prêmios como o Cidadão São Paulo, uma iniciativa do Catraca Livre.

Sou negro, mas eu tenho dois olhos, dois braços e duas pernas, dois rins, um pâncreas, um fígado, tudo o que você tem. Só o que muda é a cor da pele e a personalidade. O caráter é a única coisa que quase nada pode mudar”, ensina o garoto.

Gustavo, que é aluno do CEU Vila Curuçá, na zona leste de São Paulo, acompanhava as atividades de um projeto que promove a leitura de contos africanos e afrobrasileiros nas escolas da rede municipal, quando deu as declarações que encantaram e despertaram a consciência de muita gente.

O garoto conta que a leitura dos contos africanos ensina a ser humilde, forte e a respeitar os outros. “Gosto bastante da história africana, gosto de ouvir, gosto de contar e, às vezes, até de fazer. Se eu sou mesmo um afrodescendente, esse afrodescendente gosta de contar histórias, de fazer história.”

Perguntado se as histórias contribuiriam para que as crianças aprendessem a respeitar a diversidade de raça e cor, Gustavo surpreendeu mais uma vez e diz que os contos ensinam que ninguém vive sozinho: “Ninguém pode viver isolado. Todo mundo tem que estar num conjunto, numa equipe bem grande, para a gente poder combater o preconceito, combater a fome, praticamente tudo.”

Frente a situações de racismo, Gustavo não se intimida: “Vai ter sempre alguém que é racista, que vai ter uma opinião diferente. Por isso que eu gosto de aprender, não para poder debater com a pessoa, mas mostrar para ela como que é você ser negro, mudar o ponto de vista da pessoa e mostrar como você se vê. Porque saber pedir, saber respeitar, não é ser fraco. Ser fraco é não pedir, não respeitar, não ajudar, para não parecer fraco. Isso é ser fraco.”

O menino aprendeu a ler aos três anos e, aos quatro, já assinou o próprio nome no RG. Ele conta que foi a mãe que o ensinou a ter orgulho de ser negro. “Sempre falei pra ele sobre o preconceito, que não tem que ligar para isso, que as pessoas todas são iguais”, diz dona Cícera (conheça mais da história e da família do menino Gustavo aqui).

Na escola, Gustavo também se destaca, não só pela clareza na fala, como pela dedicação aos estudos. “Desde que ele entrou aqui, nós já notamos que ele era acima da média”, afirma Ana Paula Guimarães, diretora do CEU Vila Curuçá. Além de aprender mais sobre a influência africana na cultura brasileira, o menino também participa do clubinho poético da escola.

“Esse é o dia de lembrar / O que o preconceito traz / Nada! já que por dentro / Nós todos somos iguais”, são alguns versos do poema “Consciência”, escrito por Gabriel. “Eu acho que o mundo seria bem melhor se cada um respeitasse a opinião do outro.”


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