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‘Com Operação Água Branca queremos construir um bairro misto’, diz Haddad

Prefeito de São Paulo sancionou na manhã de hoje (6) o Projeto de Lei da Operação Água Branca; proposta é que moradias mais caras e de habitação social ocupem o mesmo espaço

Adriana Scapa/ Folhapress

Haddad anunciou a destinação de verba para realização de pequenas intervenções na zona norte

São Paulo – O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), afirmou hoje (6), durante cerimônia de sanção do projeto de lei da Operação Urbana Água Branca, na zona norte da cidade, que o projeto permitirá moradias de classe média e outras de interesse social no mesmo espaço, compondo um “bairro misto”. “Não queremos um tipo de morador só. Parte das habitações será de interesse social e parte, de padrão elevado.”

Pelo projeto, 22% das novas residências construídas pelo projeto da operação – que pressupõe uma série de alterações de infraestrutura – será destinada para habitação social, atendendo a cinco mil famílias. As outras operações já iniciadas na cidade (Centro, Faria Lima e Água Espraiada) fixaram um percentual próximo de 10%, com uma média de 1.500 famílias.

“Não queremos que, agora que os benefícios chegaram aos mais pobres, que lutaram por eles, que não usufruam. Pelo contrário, eles serão beneficiados”, disse o prefeito, aplaudido por alguns moradores da região. “Teremos dois perímetros, para transbordar os benefícios para o bairro vizinho. Não queremos uma ilha isolada na cidade, mas que haja impacto positivo no entorno.”

O vereador Nabil Bonduki (PT) concordou: “Este projeto evita que a exclusão social se torne uma regra, que a valorização de uma área gere segregação social”. Segundo ele, a operação prevê a urbanização de 17 favelas na região. “Queremos uma mistura social, com apartamentos de classe média junto com outros de interesse social. Isso é fundamental para uma cidade sem exclusão e com planejamento urbano.”

Em outubro, movimentos sociais da região afirmaram que se sentiam “traídos” pelo prefeito devido a mudanças no projeto que, segundo lideranças, contrariavam os objetivos iniciais da intervenção, delineados pela população durante dois anos e meio de debates. De acordo com os movimentos, o prefeito teria elitizado a proposta.

A zona norte possui uma das menores densidades demográficas da cidade, segundo o vereador, com amplos terrenos com baixa ocupação. A expectativa é que a operação urbana traga mais 60 mil pessoas para a região. “A proposta do plano diretor é exatamente povoar o centro expandido, onde estão os empregos e que conta com poucos moradores”, disse o vereador.

O projeto da Operação Urbana Água Branca prevê obras em cinco áreas prioritárias: Transporte Coletivo e Mobilidade, pelo qual vias serão ampliadas e construídas, com prioridade para o transporte público, de pedestres e de ciclistas; Inclusão Social, com a construção das morarias de interesse social; Adensamento, que visa a reunir em um mesmo espaço habitações, comércios e serviços; Ordenamento da Paisagem, com o estabelecimento de um eixo de verticalização e controle do patrimônio histórico, e Meio Ambiente, que viabilizará a construção de dois parques e de ruas e passeios largos.

Haverá incentivo para a construção das chamadas “fachadas ativas”, um projeto sem muros, que permite a ampla circulação entre residências, comércios e serviços. Segundo o prefeito, a região contará com uma escola técnica federal e a prefeitura negocia a instalação de uma unidade do Sesc na área da operação urbana. Além disso, os centros de treinamento dos clubes Palmeiras e São Paulo, localizados no perímetro, também devem dispor de áreas de uso público.

Haddad também anunciou a destinação de verba para realização de pequenas intervenções no bairro, como reformas de quadras, parques e muros, que serão sugeridas pelos moradores, em reuniões a serem agendadas pela prefeitura.