Trabalho escravo

CNBB recomenda cuidado na escolha do vinho para missas. No Sul, vereador xenófobo pode ser cassado

Igreja pede uso de bebida produzida com “critérios éticos”. E Câmara de Caxias aceitou pedidos para cassar mandato de bolsonarista

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Celebração de missas: CNBB recomenda que se busquem vinhos sobre os quais não pairem dúvidas quanto aos critérios éticos na sua produção

São Paulo – Depois do episódio envolvendo trabalho análogo à escravidão no setor vinícola de Bento Gonçalves, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) pediu cautela na escolha de vinho canônico. Ou seja, o vinho com destinação específica para eucaristia. “Qualquer tipo de trabalho em condições que ferem o respeito pela dignidade humana não pode ser aprovado. Todas as denúncias devem ser investigadas nos termos da lei”, afirma a entidade, em nota.

Ontem (1º), o Ministério Público do Trabalho no Rio Grande do Sul (MPT-RS) reuniu-se com as três vinícolas envolvidas no caso (Aurora, Cooperativa Garibaldi e Salton). Na véspera, a audiência foi com a empresa (Fênix) contratante de mão de obra. A Procuradoria quer pagamento de indenização por danos morais, além das verbas rescisórias.

Em relação à Igreja Católica, a CNBB observa que existem diversas vinícolas que oferecem vinho canônico. Assim, recomenda que “se busquem, para a celebração da missa, vinhos de proveniência sobre as quais não existam dúvidas a respeito dos critérios éticos na sua produção”.

Processo aberto

Na vizinha Caxias do Sul, a Câmara aceitou quatro pedidos de cassação do vereador Sandro Fantinel, agora sem partido – ele foi expulso pelo Patriota. Assim, foi criada uma comissão para avaliar o processo. O parlamentar proferiu da tribuna um discurso em que ofendia os trabalhadores resgatados em Bento Gonçalves. A própria Câmara e o prefeito de Caxias repudiaram o gesto, além dos governadores da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), e do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB).

Além disso, o vereador bolsonarista passou a ser investigado pelo MPT e pelo Ministério Público, além da Polícia Civil. O governo baiano também decidiu interpelá-lo judicialmente.