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Anielle defende cotas e cobra mais ações afirmativas do setor privado para inclusão social

Ministra da Igualdade Racial classificou políticas de cotas como “maior reparação histórica desse país”, mas alerta que sociedade civil também precisa abrir portas para organizações da periferia

Rovena Rosa/ABr
Rovena Rosa/ABr
"A gente pensa um plano de ações afirmativas muito maior", revelou Anielle

São Paulo – A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, participou hoje (13) da abertura do 12º Congresso Gife – Desafiando Estruturas de Desigualdades. O evento do Grupo de Instituições, Fundações e Empresas (Gife) trata de alternativas para inclusão e desenvolvimento social no Brasil com incentivos ao chamado terceiro setor. Em sua apresentação, Anielle expôs dados que evidenciam o racismo estrutural e classificou as cotas raciais como “maior política pública de reparação histórica deste país”.

Diante do cenário, a ministra ressaltou compromisso com a ampliação das políticas inclusivas. “A gente pensa um plano de ações afirmativas muito maior, onde possa garantir acesso à cultura. Onde a gente possa garantir que se debata esse extermínio, o genocídio da população preta”, disse. Entre os dados que evidenciam essa necessidade, o fato de que 50% das organizações periféricas do país atuam com orçamento de apenas R$ 5 mil por ano.

Anielle lembrou de um recente decreto do governo federal para ampliar cotas. A matéria garante até 30% de vagas em cargos de comissão e funções de confiança no Executivo para pessoas negras. “Quando apresentei o projeto para o Presidente, falamos que não haveria gasto político, mas seria um ganho social imensurável. Conseguimos implementar uma esplanada com pessoas negras em cargos superiores para mostrar que somos muito capacitados para estar em todos os cargos e lugares”, disse.

Setor privado

Ao argumentar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre a relevância do decreto, Anielle revelou boa aceitação. “Quando eu sentei para apresentar o decreto para o presidente Lula, eu falei pra ele: ‘presidente, a gente não tem gasto orçamentário, mas o ganho político para o governo e para o senhor é inenarrável, imensurável’”, disse. O presidente assinou a medida no último dia 21 de março.

Anielle também reforçou e cobrou o papel do setor privado, que deve atuar no contexto da função social das organizações. “Se não tiver um combinado de políticas públicas eficazes e a garantia que sociedade civil abra as portas para organizações da periferia, o Brasil não consegue avançar nessas questões. Quanto mais conseguirmos compartilhar e garantir acessos, mais o país tem possibilidade de prosperar”, argumentou.

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