Reitor da USP interpela professores por declarações sobre desvios de verba

São Paulo – A diretoria da Associação dos Docentes da USP (Adusp) vai se manifestar hoje (19) publicamente sobre a interpelação judicial impetrada pelo reitor João Grandino Rodas a todos […]

São Paulo – A diretoria da Associação dos Docentes da USP (Adusp) vai se manifestar hoje (19) publicamente sobre a interpelação judicial impetrada pelo reitor João Grandino Rodas a todos os dirigentes da entidade. A informação é da assessoria de imprensa da entidade.

No último dia 2 de março, o atual gestor da Reitoria comunicou, por meio do Boletim 55, que a diretora da Adusp Heloísa Borsari e outros nove dirigentes deverão esclarecer afirmações à imprensa sobre o desvio de verbas acadêmicas ou se retratar sobre o caso, sob pena de ação penal de difamação. A interpelação judicial foi distribuída em 27 de fevereiro à 1ª Vara Criminal do Fórum de Pinheiros. Ainda segundo a nota no boletim da reitoria, a Adusp falou aos jornais também sobre a existência de classes superlotadas na universidade.

Em nota em sua página oficial na internet, a Adusp afirma que não abrirá mão do direito de expressão de seu entendimento sobre toda e qualquer questão, especialmente as relacionadas à Universidade de São Paulo. E que continuará aberta ao diálogo, “ao contrário da atual gestão da Reitoria, que, em vez de primeiro procurar a entidade, preferiu tentar amordaçá-la dando início a uma insólita demanda judicial”.

A interpelação é mais uma medida do reitor contra professores e alunos da USP. Na última quinta-feira (15), o advogado Aton Fon Filho, que defende os alunos expulsos da universidade em dezembro, publicou carta aberta à sociedade. Ele afirma que Rodas mente para tentar justificar a eliminação dos alunos. 

Conforme o advogado, a reitoria afirmou recentemente, também por meio de boletim, que o processo administrativo disciplinar “não apurou simplesmente a ocupação, mas sim outras ações graves, o desaparecimento de prontuários informações sigilosas da saúde e da família de alunos da Universidade e de crianças e adolescentes alunos da Escola de Aplicação, além de desaparecimento e danos de patrimônio público.” 

Para Aton, a portaria inicial do processo administrativo limita a acusação à ocupação do prédio da Coordenadoria de Assistência Social (Coseas). Por isso, não poderá a Reitoria passar a acusar os alunos por outros fatos. “O reitor, que já vislumbra que os processos administrativos serão anulados na Justiça, tenta agora pendurar novas acusações nos pescoços de seus bodes expiatórios”, afirma.