São Paulo – O Brasil registrou 331.185 divórcios em 2020, menor número desde 2015, segundo o IBGE, que divulgou o resultado nesta sexta (18). De acordo com o instituto, houve queda – a segunda seguida – de 13,6% em relação ao ano anterior.

“Essa queda expressiva pode ser explicada pelas dificuldades na coleta dos dados por causa do sistema de trabalho remoto adotado durante a pandemia”, afirma a gerente das Estatísticas do Registro Civil do IBGE, Klívia Brayner. “Também não há certeza de que a produção de sentenças dentro das varas continuou a mesma com o isolamento social. Muitos processos podem ter sofrido atrasos nesse período, o que pode ter ajudado a reduzir o número de divórcios em 2020. Foi um ano atípico”, acrescenta.

Ainda segundo o IBGE, os divórcios judiciais (249.874) caíram 17,5% no ano. Já os extrajudiciais (81.311), feitos em cartórios, cresceram 1,1%. Para a gerente, algumas pessoas podem ter procurado os cartórios por dificuldades no acesso às varas judiciais durante a pandemia, mas ela observa que nem todos os divórcios podem ser feitos pela via administrativa. “Há critérios para que os divórcios extrajudiciais aconteçam. Eles precisam ser consensuais, e, na maioria dos estados, não são feitos quando o casal tem filhos menores de idade.”

Guarda compartilhada

Pelos registros, quase metade (49,8%) dos casamentos que acabaram em divórcio em 2020 tinha menos de 10 anos. Em 2010, essa proporção era de 37,4%.

“Isso indica que os casamentos têm durado menos. Em alguns lugares duram mais, como no Sul. Mas na maioria das regiões, observando-se pela série histórica, é perceptível o aumento do percentual dos casamentos que acabam antes dos 10 anos. É uma mudança cultural, de costumes e de valores”, afirma Klívia.

Leia também: Brasil perde 30 mil indústrias em seis anos, mostram dados do IBGE

Mais da metade dos divórcios judiciais (56,5%) envolveu filhos menores. De 2014 para 2020, a proporção de separações com guarda compartilhada aumentou de 7,5% para 31,3%.