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‘A única coisa que temos de viralizar é a solidariedade’

Rede de Solidariedade para Mudar SP conta com mais de 100 jovens que recolhem doações e entregam a aos mais vulneráveis no combate ao coronavírus

Marcelo Camargo/ABr
Marcelo Camargo/ABr
"A única forma de a gente se ajudar como sociedade é conectar pessoas que precisam de ajuda com pessoas que podem doar”

São Paulo – Cestas básicas e produtos de higiene distribuídos por toda São Paulo para quem mais precisa. A iniciativa é da Rede de Solidariedade para Mudar SP que uniu mais de 100 jovens em torno de uma causa fundamental no combate ao coronavírus: ajudar os mais vulneráveis.

A educadora popular Luna Zaratini Brandão é umas das idealizadoras da plataforma. “A ideia dessa rede de solidariedade veio do entendimento de que nem todo mundo tem condição de se manter em quarentena, nem todo mundo tem uma casa pra ficar e que a situação da cidade de São Paulo, como da maioria das cidades no Brasil e no mundo afora, é uma situação de muita desigualdade e vulnerabilidade”, explicou, em entrevista ao Jornal Brasil Atual (ouça ao final deste post).

“A única forma de a gente se ajudar como sociedade é criando uma rede de apoio que consiga conectar pessoas mais vulneráveis, que precisam de ajuda, com pessoas que podem doar.”

Luna critica ações negativas e a omissão do governo federal em relação a tudo que está ocorrendo. “Pra gente garantir que de fato se combata esse vírus, precisa haver condições gerais para a população se manter. A ideia da rede foi um pouco essa.”

Como participar

A rede de solidariedade tem um site onde as pessoas podem se cadastrar como voluntárias ou como doadoras. Pode ser dinheiro, pode ser produtos de higiene, de limpeza, papel higiênico, água, roupas, alimentos.

Os interessados podem contatar os idealizadores por meio de aplicativo ou das redes sociais (@spcontraocoronavirus) para saber como doar, como participar. Os produtos são retirados no local e todas as recomendações sanitárias e saúde estão sendo observadas pelo grupo. Tudo que é arrecadado é levado a igrejas, associações de bairro, entidades.

“O trabalho já tem gerado muitos frutos. Ontem foi nosso primeiro dia e foi muito animador. Muita gente entrou em contato, dinheiro que nunca achei que a gente ia conseguir”, comemora Luna. Com pouco mais de um dia no ar, a rede já contava com quase R$ 31 mil em doações.

Para a jovem educadora, o momento é crucial. “É muito importante cada um pensar em si, se cuidar, mas também pensar nos outros. E acho que essa experiência vai render muitos frutos. Vamos começar as entregas esta semana e a ideia é expandir muito.”

Conexões locais

O padre Júlio Lancelotti é um dos inspiradores da rede. “Ele tem um trabalho incrível na defesa dos direitos humanos, junto à população de rua”, lembra Luna. “Fomos visitar a paróquia dele na Mooca, que é um ponto de entrega da nossa rede de solidariedade. E a gente se conectou com várias lideranças locais da cidade, para poder fazer essa rede de distribuição.”

Luna é também coordenadora de uma rede de cursinhos populares onde os professores são voluntários, os estudantes não pagam nada, as aulas são gratuitas. “Isso surgiu também de uma demanda dos estudantes”, conta.

“Eles têm relatado muitos problemas. As pessoas na periferia não estão em casa, saem para as ruas, não têm o trabalho suspenso, vivem o desrespeito às leis trabalhistas”, conta a educadora. “São vários debates que surgiram e fizeram a gente criar essa rede emergencial. Não temos visto muitas respostas e o momento agora é de combater o vírus e ter uma prontidão de solidariedade com as pessoas que não têm essas condições.”


Assista a entrevista à Rádio Brasil Atual


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