MST faz ato em Valinhos pela vida e reforma agrária. Assassino confessa crime
Presidente do Condepe classifica crime, ocorrido nesta quinta (18), como "expressão de uma política de morte"
Publicado 19/07/2019 - 17h45
São Paulo – A Polícia Civil prendeu Leo Luiz Ribeiro, no fim da tarde da quinta-feira (18), quando o suspeito confessou ter assassinado Luis Ferreira da Costa, de 72 anos, militante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), durante uma manifestação dos sem-terra em Valinhos (SP). O motorista prestou depoimento no 1º Distrito da Polícia Civil de Valinhos e foi transferido para a cadeia pública anexa à 2ª Delegacia de Polícia de Campinas. Leo Luiz é dono de uma oficina mecânica e o veículo utilizado no crime, uma caminhonete modelo Mitsubishi Hylux L-200, que continha uma bandeira do Brasil no painel, foi apreendido.
O MST realizará um ato às 10h deste sábado (20), em Valinhos, pela vida e reforma agrária. O presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana de São Paulo (Condepe), Dimitri Sales, disse que o caso é a “expressão de uma política de morte”, promovida pelo governo de Jair Bolsonaro (PSL) e seus aliados.
“Temos plena convicção de que esse crime de hoje tem a ver integralmente com a conjuntura, o contexto hoje vigente no nosso país. Um contexto que privilegia a morte em detrimento de políticas de promoção de direitos humanos, que privilegia a arma, acabar com o direito dos diferentes, que diz que ‘a partir de primeiro de janeiro sem-teto, sem-terra seriam tratados à base da bala'”, disse Dimitri ao Brasil de Fato.
Nilcio Costa, advogado do MST, relatou que “de maneira exaltada, um dos irmãos do autor disse, em alto e bom som, que tinha mais era que “jogar caminhão em cima e passar por cima (dos militantes)'”. Um vídeo divulgado pelo Brasil de Fato, mostra um dos irmãos criticando a manifestação. “Não deveriam ficar na frente”, disse o irmão de Leo.
O atropelamento
Cerca de 500 integrantes do MST que vivem no acampamento Marielle Vive, em Valinhos, distribuíam alimentos e protestavam pelo fornecimento de água no acampamento na manhã de quinta. Eles fecharam uma das faixas do quilômetro 7 da Estrada do Jequitibá.
O motorista avançou com a caminhonete em alta velocidade sobre a manifestação. Cinco pessoas ficaram feridas e um deles, Luis Ferreira da Costa, não resistiu aos ferimentos e morreu antes de chegar à Unidade de Pronto Atendimento (UPA).
Duas pessoas deram entrada no sistema de saúde municipal. Além de Luis Ferreira da Costa, que não resistiu aos ferimentos, o jornalista Carlos Filipe Tavares, de 59 anos, sofreu escoriações e passou por exames na UPA. Tavares já foi liberado.
Com informações do Brasil de Fato