São Paulo

Para organizadores do Go Skate Day, multa desvia negligência da CET na Rua Augusta

Segundo a organização, multa tenta criminalizar skatistas e serve para desviar o foco de 'série de erros' que envolvem a CET

BIANO SKATE STYLE/FLICKR CC

“Tem skatista que é juiz, advogado, administrador, até doutores. Não são vagabundos”

São Paulo – A prefeitura de São Paulo anunciou nesta terça-feira (27) que vai multar os organizadores do Go Skate Day em cerca de R$ 20 mil por terem antecipado a largada do evento ocorrido no último domingo (25). Logo após a saída prematura, um motorista avançou contra os skatistas na Rua Augusta, que deveria estar fechada para o trânsito de veículos, colocando em risco a vida dos participantes. Quatro vítimas do atropelamento registraram boletim de ocorrência. 

A organização, que ainda não foi notificada e promete recorrer, diz que a multa visa a identificar um “culpado”, desviando o foco da negligência da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), que deveria zelar pelo fechamento da via mesmo antes da saída oficial. 

Segundo documento de autorização apresentado pela organização do Go Skate Day, o bloqueio total das vias de acesso à Rua Augusta deveria ocorrer desde as 9h30 até as 12h. A saída prevista estava marcada para as 10h30, quando um rojão seria lançado pelos organizadores, anunciando a largada. Às 9h45, outro participante que não fazia parte da organização disparou o rojão, precipitando a saída. Os atropelamentos foram registrados cerca de 3 minutos depois. Outros carros também subiam a Rua Augusta, enquanto os skatistas desciam. 

Segundo o presidente da Associação Skate Day e organizador do evento, Dan Feitosa, foram erros em série: da CET, que não fechou a via, do participante que antecipou a largada, e do motorista, que causaram o incidente, e, portanto, devem ser responsabilizados, e não a organização oficial, que prezava para que tudo saísse de maneira adequada. “A gente teve toda a preocupação de ir atrás da prefeitura, fizemos várias reuniões registradas em ata.”

Para ele, se aproveitam do preconceito que ainda sofrem os skatistas para tentar lhes atribuir a culpa. “O preconceito é ainda muito forte, como dá para ver nos comentários nas redes sociais, com gente dizendo que um caminhão deveria ter atropelado todo mundo, que todo skatista é vagabundo, maconheiro.”

Dan acredita que esse estereótipo tende a mudar, em breve, já que o skate estreia como modalidade olímpica, nos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2020. Até lá, ele cobra que o poder público incentive a prática do skate como esporte e também como modalidade de transporte. “Tem skatista que é juiz, advogado, administrador, até doutores. Não são vagabundos.”

Leia também

Últimas notícias