eleições 2016

Turismo LGBT tem vocação para crescer, mas precisará de atenção do próximo prefeito

São Paulo tem 130 locais para o público gay, já representa um dos maiores roteiros turísticos do mundo, mas revitalização de áreas precisa ser mantida para a cidade se consolidar como referência

Paulo Pinto/ Fotos Públicas

Parada LGBT 2016: evento atrai pessoas de fora da cidade e promove os direitos humanos

São Paulo – Entre os avanços necessários para a comunidade LGBT na cidade de São Paulo na próxima gestão da prefeitura, o editor do Guia Gay SP Welton Trindade acredita que será preciso desenvolver mais o setor de turismo. Essa atividade tem vocação para crescer na cidade, e São Paulo pode se tornar uma referência mundial no turismo LGBT. Segundo Trindade, trata-se de um segmento que cria empregos, renda e fortalece a comunidade. Ele lembra que São Paulo tem cerca de 130 locais específicos para o público LGBT, o que a torna um dos maiores roteiros gays do mundo.

“São Paulo tem um imenso potencial, maior do que muitas cidades do exterior. Precisamos dar valor para a região da Praça da República, do Arouche, da rua Frei Caneca e Augusta. A atual gestão teve iniciativas de revitalização e é preciso que isso continue e se amplie. A cidade inteira vai ganhar”, diz Welton Trindade, citando a requalificação do Largo do Arouche promovida pelo governo Haddad, com a instalação de bancos, pontos wi-fi e bandeiras LGBT.

Para que isso aconteça, afirma, é preciso que a empresa municipal SPTuris seja fortalecida e tenha um núcleo específico e permanente para tratar do turismo LGBT. “É impressionante como o debate sobre turismo nas campanhas é pequeno. Não só em São Paulo, mas em qualquer cidade. Estamos falando de empregos, impostos, arrecadação, além de poder fazer muito pela comunidade LGBT com ações de cunho social.”

Heloisa Ballarini / Secom / PMSP
Largo do Arouche revitalizado: valorização da vocação turística da área na região central da cidade

A capacitação do setor turístico e o bom acolhimento da comunidade na cidade são aspectos que Welton Trindade indica como fundamentais para que São Paulo possa ser reconhecida como um atraente destino turístico LGBT. “Não existe turismo LGBT sem cidadania LGBT. Não se pode chamar alguém para cá, se a cidade não tem uma rede de proteção, não está aberta à diversidade, se o trade turístico não está capacitado para respeitar o nome social de um travesti, respeitar um casal, e entender as especificidades do segmento”, afirma.

Sobre a Parada LGBT de São Paulo, uma das maiores do mundo e o evento que mais atrai turistas à cidade, o editor acredita que o evento deve ser visto como um investimento econômico, além de promover os direitos humanos. Em 2013, o Observatório de Turismo e Eventos (núcleo de estudos e pesquisas da SPTuris) lançou o estudo Mercado GLS paulistano, com um levantamento específico sobre o segmento na cidade de São Paulo, incluindo quantificação da oferta de estabelecimentos especializados e a movimentação financeira. Os dados revelaram um impacto do setor na economia paulistana que, em um ano, chega a movimentar R$ 59,5 milhões.

“O governo precisa ser o motor disto, embora em muitos países sejam os empresários à frente desse processo. Mas o governo não tem que assumir tudo, não é objetivo da prefeitura assumir toda a responsabilidade e sim ser o catalisador de uma nova mentalidade, de um novo pensamento para os locais LGBT e o desenvolvimento da cidade”, avalia o editor.