nesta quinta

Movimentos sociais denunciam o ‘enterro’ da Constituição

Em São Paulo, movimentos organizados promovem ato para denunciar o processo que afastou a presidenta Dilma

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Evento foi convocado pelas redes sociais

São Paulo – Movimentos da sociedade civil convocaram para hoje (19), às 18h30, ato simbólico de “enterro da Constituição de 1988”. A organização argumenta que o processo de impeachment que afastou na última quinta-feira (12) a presidenta Dilma Rousseff “traduz grave rompimento das instituições democráticas (…) justificado sob o discurso de ódio, de combate à corrupção, pretensamente pautado pelos valores da família e da moralidade cristã”.

Por meio das redes sociais, os professores da Faculdade de Direito da USP Gilberto Bercovici e José Augusto Fontoura Costa defendem o ato: “Caducou. A Constituição brasileira passou a acompanhar outras sete no melancólico balaio das curiosidades históricas (…) O processo político atual e o governo que se avizinha geram visões nauseantes, quando não aterradoras (…) Com a vitória do golpe de Estado de 2016 e a morte matada da Constituição adentramos no século XIX vencidos”.

Além dos professores citados, estarão presentes no ato Carina Vitral, presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE), Raimundo Bonfim, coordenador geral da Central de Movimentos Populares (CMP), Douglas Belchior, militante do movimento negro, Negro Belchior, ativista, Carol Gomes, da Marcha Mundial de Mulheres, e Dito, da União dos Movimentos de Moradia. Os movimentos que convocam o ato são o Coletivo Canto Geral, Coletivo Contraponto, Coletivo Desenredo e Levante Popular da Juventude.

Apesar do “enterro”, a perspectiva é de mobilizações futuras. “A Constituição de 1988 foi destruída. Faremos seu ‘enterro’ como forma simbólica de denúncia e de inauguração do próximo período, que será de incansável luta contra um governo ilegítimo golpista”, dizem. Os organizadores comparam o processo de impeachment de Dilma com outros golpes “travestidos de autenticidade e legalidade, como em Honduras e no Paraguai, patrocinados por interesses imperialistas e fortemente construídos pelas mídias locais”.

Os manifestantes temem uma sequência de retrocessos do presidente interino, Michel Temer. “Este recente golpe prenuncia muitos outros, como a permissão de que convenções coletivas de trabalho prevaleçam sobre as normas legais, a possibilidade de terceirização da atividade-fim das empresas, a política de desenvolvimento centrada na iniciativa privada, com concessões e transferências de ativos do patrimônio público”, afirmam.

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