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Crianças e jovens pedem justiça pelo assassinato de menino indígena

Encontro dos sem terra em Santa Catarina homenageia o menino Vitor, de 2 anos, degolado na rodoviária de Imbituba em 30 de dezembro

Juliana Adriano / divulgação

Contra a violência étnica, Ciranda Infantil Guerreiros de Vitor organizou sua intervenção no encontro estadual

São Paulo Durante o Encontro Estadual do MST de Santa Catarina, sem terrinha reafirmaram que o assassinato de Vitor Kaingang, de 2 anos, degolado em 30 de dezembro na rodoviária de Imbituba, litoral sul de Santa Catarina, não pode ficar impune. Os Sem Terrinha salientaram foi assassinada uma criança. “A solidariedade ao povo Kaingang é por saber que somos uma coisa só”, afirmaram.

A indignação frente à violência e a necessidade de lutar por justiça são cultivadas desde o princípio da formação. É com esse tom que a Ciranda Infantil Guerreiros de Vitor organizou sua intervenção no encontro estadual.

As cerca de 250 pessoas presentes em Catanduvas, com aperto no coração e lágrimas nos olhos, gritaram com todas as forças: “MST, na luta pela igualdade de todos!”

De acordo com o Conselho Indigenista Missionário (CIMI), 139 indígenas foram assassinados em 2014. Segundo dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT), nos anos de 1985 a 2014 ocorreram 29.609 conflitos no campo. Como plano de fundo está o conflito pela terra. Enquanto uns entendem que é dela que germina a vida, outros que ela proporciona lucro econômico.

Os sem terra reafirmam o que disse a mãe de Vitor: “Se um indígena cortasse a garganta de uma criança branca o Brasil viria abaixo. Quero a mesma indignação pela morte do meu filho”.

O assassinato de uma criança no colo de sua mãe traz em si algo mais profundo do que a violência gratuita. O ódio, o desrespeito, o desprezo pelos povos que conformam a cultura está entranhado em muitos brasileiros.

O país traz em sua formação índios, negros, brancos e toda uma riqueza de diversidade. Não reconhecer isso e valorizar um imaginário branco, inexistente na realidade, é tentar negar que a maioria dos brancos que vieram para o Brasil eram pobres, defenderam os participantes do encontro.