Entrevista

Boff defende ‘democracia que vem de baixo’ e diz que impeachment é ‘ameaça vazia’

No 'Seu Jornal', da TVT, escritor e teólogo reafirma necessidade de uma reforma política que limite o poder das 'forças dominantes' sobre o eleitorado

reprodução/TVT

‘Uma das grandes lutas que devemos travar é por uma democracia que vem de baixo’

São Paulo – Em entrevista exclusiva ao Seu Jornal, da TVT, transmitida ontem (20)  e reproduzida abaixo, o escritor e teólogo Leonardo Boff defende para o Brasil um modelo de “democracia que vem de baixo”, para além dos limites da representatividade, “em que a população participe, discuta os projetos e ajude a formular uma visão do país”. Para ele, frente às atuais desigualdades sociais, a democracia se apresenta mais como “farsa do que realidade”. O teólogo diz que “é fundamental fazermos uma reforma política”, que garanta a representação popular, já que as forças dominantes, “que nunca deixam de ser dominantes”, ocupam todo o espaço do Estado.

Boff defendeu a criação de uma lei, aos moldes do que existe em outros países, que obrigue os parlamentares a prestarem contas de sua atuação às bases e que, caso não satisfizer as demandas delegadas pelo povo, possa ter o mandato revogado.

O teólogo diz ver com bons olhos o arranjo político-eleitoral italiano, em que o sistema de votação distrital é combinado com eleições diretas, e existe um corpo de “notáveis da nação”, composto por filósofos, sociólogos, teólogos e outros especialistas, que têm assento no parlamento, para ajudar a pensar as grandes questões do país.

Sobre as insistentes ameaças de impeachment da presidenta Dilma por partidos e grupos da oposição, Boff diz se tratar de “mais uma ameaça vazia que os grupos mais radicalizados levantam”, e que o ódio propalado por tais eles “tira o véu de uma luta de classes que existe, que eu diria que nem luta era, porque era a vitória total de uma classe contra a outra”.

“Esses 36 milhões, uma Argentina inteira, que foram incluídos e saíram da miséria e da fome, estão ascendendo, ocupando os lugares. A empregada está usando o mesmo perfume que a patroa, o mesmo restaurante.”

Boff defendeu, ainda, o princípio da igualdade de oportunidade. “Devemos nos respeitar e dar chances para que todo mundo suba.”

A segunda parte da entrevista, em que Boff fala sobre o Papa Francisco e a Teologia da Libertação, além de temas ambientais, vai ao ar na edição de hoje (21) do Seu Jornal.

Confira a primeira parte da entrevista do Seu Jornal, da TVT: