Violência

Em oito meses, seis agentes penitenciários foram executados em São Paulo

Atualmente, 205 mil pessoas estão presas nas 90 mil vagas do sistema penitenciário paulista; os 157 presídios do estado já excederam em 300% sua capacidade

São Paulo – Entre janeiro e agosto deste ano, seis agentes penitenciários foram executados nas cidades paulistas de Jaú, Poá, Diadema, Praia Grande e na capital do estado. Além disso, trabalhadores denunciam que ameaças e agressões fazem parte da realidade dos servidores públicos que atuam nas penitenciárias de São Paulo.

O cenário cria um déficit de trabalhadores, uma vez que muitos adoecem ou se aposentam cedo. “Hoje o funcionário é ameaçado dentro e fora da cadeia. Se ele denuncia alguma coisa errada e tem alguém envolvido com o crime organizado, ele e a família correm risco”, afirma o diretor do Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional de São Paulo, Luiz da Silva Filho.

Segundo o dirigente, a maior parte dos afastamentos ocorre devido a problemas psicológicos. Segundo o sindicato, 205 mil pessoas estão presas nas 90 mil vagas existentes no sistema penitenciário paulista. Os 157 presídios do estado já excederam em 300% sua capacidade.

Para o presidente da entidade, João Rinaldo Machado, as super lotação dos presídios é o principal problema.“É impossível que o agente penitenciário cumpra a função dele dentre das unidades prisionais, que é de vigilância, fiscalização e segurança. O estado de São Paulo tem uma média de 60 pessoas presas todos os dias e nós não vemos uma outra saída que não seja a construção de novas unidades prisionais.”

Uma das vítimas foi Valdemir Moreira Martins, que morreu em abril deste ano. O corpo foi encontrado esfaqueado perto de um canavial, em Bauru, no interior de São Paulo. O amigo da vítima, Wellington Jorge Braga, continua inconformado. “Você fica chocado com o tamanho da violência. Quando a pessoa sente a perda, seja alguém da família ou um amigo, passa a lutar para mudança das leis, para que o estado dê o mínimo de segurança para o cidadão e para que se promova justiça.”

O agente penitenciário Daniel Sudário assumiu o cargo aos 32 anos e se aposentou cinco anos depois. As marcas de violência física e psicológica permanecem até hoje. “Você é um antes e um depois, porque você perde a identidade e a saúde física e mental. A gente esta ali sem ter cometido crime nenhum. Tanto o preso quanto o funcionário cumprem pena: são penalizados pelo descaso do estado e pela super lotação, que gera insegurança tanto para o preso quanto para o funcionário. Se existe inferno, o inferno é um presídio.”

Ouça a reportagem na Rádio Brasil Atual.

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