Atingidos por barragens

Para Frei Betto, empresas que lucram com hidrelétricas deixam rastro de problemas

Colunista da Rádio Brasil Atual afirma que é política energética atual é pautada pelo setor privado, desconhecendo os interesses da população

Marcelo Camargo/ABr

Atingidos por Barragens fizeram passeata na segunda passada (2) para cobrar investigação corrupção no metrô

São Paulo – O assessor de movimentos sociais e escritor Frei Betto disse hoje que o sistema energético atual do país beneficia empresas estrangeiras e prejudica as comunidades que têm de ser removidas para a construção de barragens ou hidrelétricas, e ressaltou a necessidade da criação, pelo governo federal, de um sistema que leve em conta os direitos destas populações e tenha os interesses dos cidadãos brasileiros em primeiro lugar.

“Não estamos contribuindo para o desenvolvimento do país, mas sim para o enriquecimento privado de acionistas estrangeiros. As novas tecnologias afetam recursos naturais, atingem o meio ambiente e a tudo isso nosso governo não reage à altura, o Brasil acaba sendo mapeado segundo os interesses estrangeiros, e não segundo os nossos direitos e necessidades próprias do país. Precisamos pressionar por uma nova política energética, soberana, com distribuição de riqueza e controle popular,” disse em sua coluna na Rádio Brasil Atual.

Na semana passada ocorreu o Encontro Nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), que cobrou do ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência da República, uma política nacional de direitos para os atingidos. Apesar dos grandes empreendimentos em barragens e hidrelétricas no país, ainda não há qualquer tipo de legislação que assegure direitos às populações atingidas.

“Apesar da alta exploração e dos lucros extraordinários, as empresas indenizam mal as populações atingidas e famílias afastadas das áreas de barragem e hidrelétricas e pagam mal trabalhadores que atuam nas obras de barragens”, opina Frei Betto. Ele lembra que a exploração dos trabalhadores pelas empresas energéticas é recorrente. “O Brasil vive uma crise energética. E desde 2008 essa crise energética se acentua em muitos lugares do mundo. As consequências da crise econômica e energética têm consequências drásticas sobretudo para os trabalhadores e setores mais pobres da população, muitas vezes com o aumento da exploração sobre os trabalhadores e redução de direitos trabalhistas.”

O controle popular e a soberania nacional são os principais pontos que devem nortear uma nova política energética, afirma Frei Betto, e são reivindicados pelo MAB. “Isto é algo que devemos ter em vista nas próximas eleições, e lutar para que seja um a energia seja um bem ao alcance de todos e os seus lucros sejam um benefício para a população brasileira, e não para o enriquecimento fantástico de empresas estrangeiras”, finalizou.

Ouça aqui o comentário de Frei Betto na Rádio Brasil Atual.

Leia também

Últimas notícias