MAB

Encontro dos atingidos por barragens aponta necessidade de nova política energética

Além de uma Política Nacional de Direitos, atingidos querem criação de fundo para projetos de desenvolvimentos regionais

Marcelo Camargo/ABr

Atingidos por Barragens fizeram passeata na segunda (2) para cobrar investigação corrupção no metrô;

São Paulo – Mais de 3 mil pessoas atingidas por barragens em todo o país participaram do encontro que durou de segunda-feira (2) até ontem (5) na cidade de Cotia, na Grande São Paulo. Segundo o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), o balanço do evento foi positivo, já que o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, afirmou que a Política Nacional de Direitos dos Atingidos por Barragens, reivindicada pelo movimento há anos, deve ser aprovada ainda em 2014.

Além disso, as discussões e a troca de experiências de atingidos apontaram a necessidade de se desenhar uma nova política energética no país, que, sobretudo, integre as comunidades atingidas no planejamento e execução. “A gente tem apontado que nossa luta deve se intensificar para garantir a tão esperada política de direitos que o governo prometeu ser cumprida e aprovada ainda neste ano, e estamos pautando também a criação de um fundo para que se crie os programas de desenvolvimento regional nas comunidades atingidas”, diz Ivanei Dalla Costa, da coordenação nacional do MAB, à Rádio Brasil Atual.

A criação de uma política nacional de direitos para os atingidos é uma reivindicação histórica do movimento. “A luta surge em função das contradições do processo de construção das hidrelétricas, onde a empresa e o Estado constroem as obras e depois a energia é vendida e gera lucro para as empresas. Não existe uma política de garantia de direitos para os atingidos, é planejado o custo da obra mas dentro disso não é mensurado o custo social de atendimento a essas populações atingidas”, afirma.

Ivanei ressalta que, além das avaliações das reivindicações e lutas do movimento até agora, a discussão sobre o modelo de setor elétrico seguido pelo Brasil definiu a organização e a luta dos atingidos por barragens. “Na construção da Usina de Belo Monte, cerca de 5 mil famílias urbanas precisam ser deslocadas, a obra está bem adiantada e as famílias ainda não tem certeza da onde vão morar. As que já sabem reclamam da qualidade das casas que a empresa está fazenda. A situação é de violação dos Direitos Humanos em função da construção destas obras”, finaliza ela.

Ouça aqui a entrevista de Ivanei à Rádio Brasil Atual.