Trabalhador é morto com um tiro no Acampamento Esperança, no Pará

Segundo a Pastoral, ele havia denunciado extração ilegal de madeira. Mais duas pessoas correm perigo de morte

São Paulo – O trabalhador rural Obede Loyla Souza, de 31 anos, foi morto na última quinta-feira (9), perto de sua casa no Acampamento Esperança, município de Pacajá, no Pará. A informação foi divulgada nesta terça-feira (14) pela Comissão Pastoral da Terra (CPT). “Obede havia denunciado e discutido com um grupo que extraía madeira ilegalmente na região”, diz a CPT. “Ao que tudo indica, Obede foi executado com um tiro de espingarda dentro de ouvido, a 500 metros de sua casa.”

Em menos de um mês, ele é o sexto trabalhador rural assassinado na região amazônica. No fim de maio, o casal José Claudio Ribeiro e Maria do Espírito Santo foi morto no norte do Pará. Depois, outros três foram mortos no próprio estado e em Rondônia.

O corpo de Obede foi encontrado apenas na tarde do sábado (11) e levado para Tucuruí (PA), onde foi registrado boletim de ocorrência. De acordo com a Pastoral, a Força Nacional suspendeu o enterro já no cemitério e levou o corpo para Belém, a fim de ser submetido a perícia. Apenas na madrugada desta terça é que o corpo voltou a Tucuruí para o sepultamento. Obede era casado e tinha três filhos.

Segundo a CPT, em janeiro ou fevereiro Obede teria discutido “com alguém que representa na região o interesse de grandes madeireiros, pelo fato de estarem extraindo madeira de forma ilegal, principalmente castanheira, que é proibido por lei”. Além disso, a operação estaria deixando intransitáveis as estradas de acesso ao Acampamento Esperança e a assentamentos da região.

“No dia do assassinato, pessoas viram uma camionete de cor preta com quatro homens entrando no Acampamento. Os vidros da camionete estavam abaixados. Quando perceberam que estavam sendo avistados, imediatamente suspenderam os vidros. A pessoa que os viu está assustada, pois acha que pode estar correndo perigo”, diz o informe da Pastoral.

Além de Obede, o presidente do Projeto de Assentamento Barrageira e tesoureiro da Casa Familiar Rural de Tucuruí, Francisco Evaristo, também discutiu com os representantes dos madeireiros. “Francisco afirma que há alguns dias um homem alto, moreno, com o corpo tatuado e em uma moto estava à sua procura no Assentamento Barrageira”, afirma a CPT. “Francisco, assim como a pessoa que avistou os quatro homens na camionete no dia da execução do Obede, correm perigo de morte.”

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