Titãs reúne formação original em SP para comemorar 30 anos

Desde 1997, quando gravaram o “Acústico MTV”, Arnaldo Antunes, Branco Mello, Charles Gavin, Nando Reis, Paulo Miklos, Sergio Britto e Tony Bellotto não dividiam o mesmo palco. Quinze anos se […]

Desde 1997, quando gravaram o “Acústico MTV”, Arnaldo Antunes, Branco Mello, Charles Gavin, Nando Reis, Paulo Miklos, Sergio Britto e Tony Bellotto não dividiam o mesmo palco. Quinze anos se passaram e a formação original dos Titãs voltou a se encontrar na noite desse sábado (6), no Espaço das Américas, em São Paulo, para um show histórico de duas horas de duração, transmitido pelo Multishow e que resultará em CD e DVD comemorativos dos 30 anos da carreira iniciada em 1982, no Sesc Pompéia.

Pontual, a formação atual da banda, com Sergio Britto, Branco Mello, Paulo Miklos, Tony Bellotto e o baterista Mario Fabre como músico de apoio, começou o show com “Diversão” (cujo verso “A vida até parece uma festa” já deu título para biografia e filme). Em seguida, foi a vez de “AAUU”, seguido de “Nem Sempre Se Pode Ser Deus” e “Aluga-se”. O primeiro momento bastante emocionante foi quando Sergio Britto, antes de cantar e tocar no piano o megasucesso “Epitáfio” dedicou não só a canção, mas o show todo ao guitarrista Marcelo Frommer, que morreu atropelado por um motoqueiro em 2001.

Depois de cantarem 13 músicas durante pouco mais de 50 minutos, a banda retornou ao palco, agora com a tão esperada presença de Arnaldo Antunes, todo de preto, com sua dança característica e visivelmente feliz; Nando Reis, com sua roupa xadrez e que se mostrou visivelmente emocionado ao cantar “Marvin”; e Charles Gavin. Nessa parte foram mais 10 músicas, encerradas por “Flores”. No bis, vieram “Homem Primata” e “Sonífera Ilha”, primeiro grande sucesso do conjunto (palavra bastante usada no início dos anos 80!) de rock paulistano. E, a pedido da plateia que praticamente lotou a grande casa de shows paulistana, eles voltaram para encerrar com “Porrada”, cantada parte à capela e de modo aparentemente improvisado; e mais uma vez “Bichos Escrotos”.

O repertório do show foi dominado pelas canções do álbum “Cabeça Dinossauro”, lançado em 1986 e que tem rendido alguns shows especiais com o repertório completo. Dessa vez, só ficaram de fora “Igreja”, “A face do destruidor”, “Dívidas” e “O Que”. Mas havia pelo menos uma canção de quase todos os 14 discos lançados ao longo dos 30 anos – incluindo três ao vivo (em Montreux, “MTV Ao Vivo” e dividido com os Paralamas do Sucesso), “Acústico MTV” e a coletânea “Volume Dois”. 

As exceções foram “Tudo ao mesmo tempo agora”, “Domingo” e “Como estão vocês?”. Os discos são “Titãs” (“Sonífera Ilha”, “Marvin” e “Go Back”), “Televisão” (faixa-título e “Pra Dizer Adeus”), “Jesus não tem dentes no país dos banguelas” (“Comida”, “Diversão” e “Lugar Nenhum”), “Õ Blésq Blom” (“Flores”), “Titanomaquia” (“Nem sempre se pode ser Deus”), “As Dez Mais” (cover de “Aluga-se”, do Raul Seixas), “A melhor banda de todos os tempos da última semana” (a faixa-título e “Epitáfio”) e “Sacos Plásticos” (“Amor por dinheiro”).

Com poucos recursos cenográficos, chamou atenção a grande variação da iluminação, que fez com que as canções ficassem ainda mais vibrantes. Portanto, foi um show que realmente coroa uma das mais brilhantes carreiras do rock brasileiro. Afinal, não é fácil comemorar 30 anos de estrada e, como já declarou certa vez o guitarrista Tony Bellotto, envelhecer numa banda de rock. Que venham muitos mais. Longa vida aos Titãs. Para o domingo de eleições em todo o país, Paulo Miklos não deixou de fora sua crítica antes da ácida e explosiva “Vossa Excelência”.

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