‘Superpoder’ de Patrícia Ahmaral acerta na escolha do repertório

Novo disco de Patrícia Ahmaral, preciso entre regravações e inéditas, ao lado de músicos de primeira linha (©Reprodução) A força de um belo álbum pode estar justamente na seleção das […]

Novo disco de Patrícia Ahmaral, preciso entre regravações e inéditas, ao lado de músicos de primeira linha (©Reprodução)

A força de um belo álbum pode estar justamente na seleção das canções gravadas, de acordo com a voz da intérprete e com o momento que se vive. Assim é “Superpoder”, terceiro trabalho da cantora Patrícia Ahmaral, que retorna às gravações após uma ausência de sete anos. Os trabalhos anteriores haviam sido “AH!”, de 1999, e “Vitrola Alquimista”, de 2004. “Pra correr um susto basta para a alma o querer”, explica a artista, no prólogo do novo CD.

O álbum começa com o pop “Sexto Andar”, de Carlos Tê e Hélder Gonçalves: “Uma canção tocou no rádio / E quando o seu sentido / Parecia se apagar / Nos ponteiros do relógio / Encontrou num sexto andar / Alguém que julgou / Que era para ele / Em particular”. Em seguida, vem a acachapante faixa-título, composta pelo versátil Lula Queiroga e marcada pela bateria de Arthur Rezende, o baixo de Felipe Fantoni, os teclados de Adriano Magoo, as guitarras de Egler Bruno e o trompete de Juventino Dias. 

O mesmo pode ser afirmado com relação ao acordeonista Tatá Sympa, ao rabequeiro e ao Bruno Santos, que toca alfaia, triângulo, reverbe de mola, bateria e reco-reco, na fortíssima versão de “Espelho Cristalino”, de Alceu Valença. Outra versão arrasadora é a do clássico “Mamãe Coragem”, de Caetano Veloso e Torquato Neto: “Mamãe, mamãe, não chore / A vida é assim mesmo eu fui embora”. Semelhante impacto é provocado pela nova roupagem de “Alucinação”, de Belchior, equipada com os fantásticos violinos de Júnior Gaiato e a pandeirola de Bruno Santos. Há também a doce cantiga “O Tempo Vai Apagar”, de Paulo César Barros e Getúlio Cortes, e recuperada do repertório do “rei” Roberto Carlos.

A maioria das faixas tem arranjos e programações do craque Fernando Nunes, que se destacou como músico de Cássia Eller e Zeca Baleiro, entre outros, e também é o produtor do álbum. Esse é o caso da doce “Desejo de Flor”, de Wander Lee. Outra canção de lírico romantismo é “Eu Mandei Meu Amor Pro Espaço”, de Totonho, nascido no sertão paraibano e considerado uma das mentes mais criativas da nova música brasileira.

Lucinha Turnbull, conhecida como parceira de Rita Lee nos tempos da banda Tutti Frutti, é a compositora e vocalista do rock ensolarado “Trilha de Luz”, ótimo para aquecer o verão e ser tocada nas serenatas noturnas e no Youtube. Outra participação especial é a de Chico César, no rap repentista com certa pegada árabe “Sorry, Baby”, da própria Patrícia Ahmaral, que é a compositora também de outras três faixas – a cantiga sensual “Do Querer”, “O Olho Infinito” e “Revoada”, parceria com Vander Lee. Para completar, há o pop suingado “De Romance”, composto por Zeca Baleiro.

Com voz rara, Patrícia Ahmaral chega com competência ao terceiro álbum, comprovando que a realização de um grande trabalho começa na escolha do repertório. Algo que está muito presente no cotidiano de uma artista que já realizou três óperas como solista, ao lado da Orquestra Sinfônica da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Mas ficou conhecida do grande público, em 1997, como intérprete do tema de abertura da telenovela “Xica da Silva”, da Rede Manchete.

 

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