Sherlock Holmes volta mais cínico e irreverente aos cinemas

Cena da nova versão cinematográfica de aventuras do detetive inglês Sherlock Holmes, vivido pelo ator Robert Downey Jr. (centro) (Foto: ©Divulgação) Medo de andar a cavalo, ciúme do casamento do […]

Cena da nova versão cinematográfica de aventuras do detetive inglês Sherlock Holmes, vivido pelo ator Robert Downey Jr. (centro) (Foto: ©Divulgação)

Medo de andar a cavalo, ciúme do casamento do fiel companheiro, imaginação capaz de descobrir antes o que irá acontecer depois e uso de disfarces inusitados. Essas são algumas das características do investigador britânico mais famoso da literatura, no filme “Sherlock Holmes: O Jogo de Sombras”, que estreia sexta-feira, 13 de janeiro, nos cinemas brasileiros.

Com direção do inglês Guy Ritchie e interpretação do norte-americano Robert Downey Jr., o personagem retorna muito mais cínico, perspicaz e irreverente do que no primeiro filme realizado pela dupla, “Sherlock Holmes”, em 2009. Essa também é a décima primeira adaptação cinematográfica da obra clássica do escritor e médico irlandês Arthur Conan Doyle.

A direção de arte de Sarah Greenwood é digna de ganhar mais uma indicação ao Oscar e em que prevalecem os tons mais soturnos, acentuando a característica gótica do filme. Ela reforça o enredo, que gira em torno do professor James Moriarty, interpretado por Jared Harris, que planeja um plano diabólico para dominar o mundo, com base em muitas mortes, exercícios de clonagem e utilização da indústria armamentista. Mais atual impossível!

Mas apenas Sherlock Holmes é capaz de unir fatos aparentemente tão desconexos como um escândalo que derruba um grande empresário do algodão; um traficante chinês de ópio que morre por possível overdose; e a morte de um magnata norte-americano do aço.

O cinismo de Sherlock Holmes prevalece em cenas como aquela em que, durante uma festa, dança com o fiel companheiro, o professor John Watson, mais uma vez interpretado por Jude Law. Nada melhor do que um ótimo ator inglês para misturar frieza com elegância, romantismo e simpatia. O mesmo cinismo retorna na cena em que o herói, ou seria anti-herói? – aparece em plena lua-de-mel do amigo vestido de mulher a fim de salvá-lo de um ataque inimigo.

O mesmo pode ser dito com relação aos disfarces que adota e às manias, que o fazem parecer ainda mais neurótico e perturbado psicologicamente. A irreverência está presente principalmente nos diálogos marcados por tiradas espertas e inteligentes. E a perspicácia aparece, o que já acontecia no primeiro filme, nas cenas em que consegue calcular o que poderá ocorrer nas cenas de ação. Estas possuem um efeito visual fantástico, misturando diferentes velocidades, graças ao ótimo trabalho de edição de James Herbert.

Todas as nuances do personagem são muito bem marcadas pela interpretação de Robert Downey Jr., que contracena com ótimos atores, caso de Stephen Fry, que vive o irmão dele, Mycroft Holmes, que exerce importante função no desenrolar da trama. O mesmo pode ser dito da atriz Kelly Reilly, que interpreta Mary Morstan-Watson, que, mesmo sendo separada de modo abrupto do marido, o professor Watson, em plena lua-de-mel, também exercerá importante papel no término das investigações.

A trilha musical composta por Hans Zimmer parece demasiadamente estridente. Em algumas cenas, ela mais prejudica do que enriquece o filme. Mesmo assim, é muito provável que renda ao compositor alemão mais uma indicação ao Oscar. Em 1995, ele ganhou a estatueta pela trilha original da animação da Disney, “O Rei Leão”, mas também foi indicado pelo trabalho em “Rain Man”, “Um Anjo em Minha Vida”, “Melhor Impossível”, “O Príncipe do Egito”, “Além da Linha Vermelha”, “Gladiador”, o próprio “Sherlock Holmes” e “Inception”.

“Sherlock Holmes: O Jogo de Sombras”, portanto, é entretenimento puro e, como tal, convence e prende a atenção do espectador do início ao final. É claro que Guy Ritchie dispensa boa parte da atenção nas eletrizantes cenas de ação, o que deve conquistar mais uma vez o público-alvo, formado principalmente por crianças e jovens, mas também muitos marmanjos.

Em termos de bilheteria, essa continuação já dá sinais de superar o primeiro filme, tanto que, em poucas semanas, conquistou mais de US$265 milhões em todo o mundo, com estimados US$ 140 milhões apenas nos Estados Unidos e Canadá. Internacionalmente, os números de bilheteria estão andando a frente do primeiro “Sherlock Holmes” nos mesmos territórios e no mesmo período de tempo, com o novo filme ainda inédito em 25 mercados, incluindo Austrália, China, Brasil, França, Espanha e Japão.

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