No horário eleitoral, Serra decidiu falar sobre a renúncia e jurar que, desse vez, fica quatro anos na prefeitura. Depois, usou a tática do medo para mentir para o eleitor,  dizendo que só saiu da prefeitura para que o PT não ganhasse o governo estadual. Mentiu. O projeto de Serra  é a Presidência da República.

Um governo pode piorar depois de encerrado? Para os paulistanos, sim. É o que está ocorrendo com as administrações passadas de José Serra (PSDB) na Prefeitura de São Paulo (2005 e 2006) e no governo paulista (2007-2010). Uma nota publicada nesta quinta-feira (06) na coluna Poder, do jornal Folha de S.Paulo, mostra que  o povo não é bobo. Não desculpou as mentiras de Serra. 

Pelo Datafolha, hoje (6), 30% dos eleitores da capital aprovam a gestão Serra na prefeitura. Em abril de 2006, porém, um pouco antes de ele renunciar para disputar o Estado, a aprovação era maior, 42%. Fenômeno parecido ocorre com a memória da gestão Serra no Palácio dos Bandeirantes. Em março de 2010, antes de sua saída para disputar a Presidência, 48% dos eleitores da capital aprovavam seu governo. Agora, esse índice recuou para 36%.

Ao contrário de Serra, a ex-prefeita Marta Suplicy (PT) conseguiu manter a aprovação de sua gestão. Era de 49% no fim do mandato (2004), está em 50% hoje.

A deterioração da imagem dos governos Serra pode ter relação com a desaprovação recorde do prefeito Gilberto Kassab (PSD), que foi seu vice e deu continuidade à sua gestão após a renúncia. Hoje, 48% julgam a gestão Kassab como ruim ou péssima.

Um dado curioso sobre as dificuldades de Serra: mesmo entre os que aprovam sua antiga gestão, a maioria vota em seus rivais. Nesse grupo, Serra tem 44% das intenções de voto. Celso Russomanno (PRB), Fernando Haddad (PT), Gabriel Chalita (PMDB) e os nanicos somam 52%. Como vocês sabem, Serra abandonou a prefeitura em 2006 para concorrer a governador de São Paulo e largou o governo para se candidatar a presidente em 2010.