Parque Dom Pedro é exemplo de falta de participação

Sesc e Senac se instalarão na área (Foto: Divulgação Prefeitura SP) Deu no Estadão de hoje: a Prefeitura de São Paulo lançou um projeto para a revitalização da região do […]

Sesc e Senac se instalarão na área (Foto: Divulgação Prefeitura SP)

Deu no Estadão de hoje: a Prefeitura de São Paulo lançou um projeto para a revitalização da região do Parque Dom Pedro II. O pacote inclui a demolição de três viadutos, o enterramento de um trecho da Avenida do Estado, criação de mais de 2 mil vagas de estacionamento, mudança na localização do terminal de ônibus (a mais importante conexão de ônibus do centro com a Zona Leste), construção de moradias populares, entre outras mudanças.

A Prefeitura tem o direito de sugerir o que quiser para a cidade. Algumas das mudanças parecem realmente benéficas. O problema é que a administração apresenta um pacote de medidas dessa magnitude em uma coletiva de imprensa e acha que é suficiente para informar a população. Quem mora e trabalha no local não tem ideia do que está acontecendo.

Isso já é verdade em relação à demolição do Edifício São Vito. A obra está acontecendo, mas o futuro da área é um mistério. Pelo que a mesma matéria deixa transparecer, era um mistério para a própria Prefeitura. Antes, o objetivo era construir um edifício estacionamento no local. Ontem, um protocolo de intenção foi assinado para que a área seja ocupada por uma unidade do Sesc e outra do Senac. Essa saída me parece muito melhor do que o edifício garagem, mas quem discutiu sobre isso?

A falta de participação da sociedade nas decisões da Prefeitura assusta. Parque Dom Pedro, Nova Luz, Operações Urbanas, tudo é decidido nos gabinetes e aplicado sem qualquer consulta. Assim, perpetua-se a noção de que democracia é só eleger alguém e esquecer o assunto por mais quatro anos. É uma ideia confortável, mas que precisa ser combatida.

Não acredito que esse movimento possa partir da própria administração pública, que provavelmente não apreciará ter mais trabalho para fazer reuniões com moradores, explicar o projeto em detalhes e, principalmente, ouvir e levar as críticas em consideração. De fato, participação dá trabalho. Mas é necessário. Experiências bem sucedidas existem em todo o mundo, inclusive no Brasil – o mundialmente famoso Orçamento Participativo de Porto Alegre. Se nenhuma experiêcia for aplicável a São Paulo, que se crie um maneira nova. O que não pode acontecer é o contínuo alijamento dos cidadãos em relação aos rumos de sua própria cidade.

Ps: Nesse post, Raquel Rolnik faz outras críticas ao projeto do Parque Dom Pedro.