Elenco estelar é destaque de ‘A Viagem’

Tom Hanks ajuda a segura a história (Foto: Divulgação) Eleito o pior filme do ano pela revista norte-americana Time, a ficção científica A Viagem, dirigida pelos irmãos Andy e Lana […]

Tom Hanks ajuda a segura a história (Foto: Divulgação)

Eleito o pior filme do ano pela revista norte-americana Time, a ficção científica A Viagem, dirigida pelos irmãos Andy e Lana (ex-Larry) Wachowski, e por Tom Tykwer, só não é um desastre graças às atuações de Tom Hanks, Halle Berry, Hugh Grant, Xun Zhou, Jim Broadbent e Susan Sarandon, entre outros, que se multiplicam em vários personagens de diferentes ambientes e períodos históricos; e ao trabalho minucioso de figurinos, maquiagem e edição de som, que envolveu mais de uma dezena de profissionais.

Os diretores Andy e Lana Wachowski são conhecidos pela marcante trilogia Matrix (1999-2003). E também por V de Vingança (2006), Invasores (2007) e Speed Racer (2008). A Viagem faz parte desse time fadado a não empolgar, ficando bastante longe também das obras-primas de Tom Tykwer, como Corra, Lola, Corra (1998). O filme é longo, confuso e tem açucaradas lições de moral e a pretensão de ser épico.

Com orçamento de US$ 100 milhões e três horas de duração, a adaptação do romance Cloud Atlas, do britânico David Mitchell, traz uma teia de narrativas, cujas consequências provocam ações e reações no passado, no presente e no futuro, entre 1849 e 2321. Transcorrem em diferentes ambientes, alguns deles literalmente de outro mundo. Cada uma delas remete a gêneros cinematográficos diversos, como western, drama, comédia e aventura.

A história mais antiga se passa numa ilha do Pacífico, em 1849, que retrata a amizade entre um rapaz norte-americano e um escravo, após o primeiro ficar tocado ao ver o outro ser surrado em praça pública. Funciona como um prenúncio da luta abolicionista nos Estados Unidos, durante a Guerra Civil, entre 1861 e 1865. A segunda história ocorre em Cambridge, na Inglaterra, em 1936, quando um jovem compositor gay vira assistente de seu ídolo na criação da que consideram a maior sinfonia de todos os tempos, justamente a Cloud Atlas, que dá título ao filme.

Em 1973, em São Francisco, uma repórter busca desvendar a conspiração de uma corporação no setor energético e é perseguida por um assassino profissional. Já em 2012, em Londres, um editor de livros engana um gângster que se torna autor de best-seller após matar o crítico que arrasou sua obra. A Nova Seul é o cenário de uma história passada em 2144, onde uma garçonete é prisioneira de uma misteriosa irmandade e começa a revelar os segredos dela. E, por fim, num lugar não identificado, em 2321, num cenário pós-apocalíptico, um homem luta contra uma tribo selvagem.

Cada uma dessas narrativas fica muito clara para o espectador ao longo de todo o filme. Porém, no final, soam superficiais e demagógicas. Portanto, A Viagem deixa a desejar, ainda mais quando se pensa na importante contribuição dos realizadores Andy e Larry Wachowski, e Tom Tykewer para o cinema das últimas duas décadas.

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