Kassab anuncia (mais um) plano para transportes

O prefeito Gilberto Kassab anunciou mais um plano de intervenção nos transportes de São Paulo: a implantação de 130 km de faixas exclusivas para ônibus, notícia que mereceu chamada de […]

O prefeito Gilberto Kassab anunciou mais um plano de intervenção nos transportes de São Paulo: a implantação de 130 km de faixas exclusivas para ônibus, notícia que mereceu chamada de capa no jornal O Estado de S. Paulo.

Trata-se de infra-estrutura de complexidade menor do que os corredores, logo mais rápidas de implantar. Como explica o Estadão, “por esse sistema, os ônibus têm o espaço delimitado por tachões (sinalização de chão com reflexivo). O horário de restrição para os demais veículos será das 6h às 20h. A multa para motorista de carro ou caminhão que entrar na via é de R$ 127,69, mais cinco pontos na carteira. A fiscalização será feita por meio de radares.”

A ideia é interessante e vai no caminho certo ao dar prioridade ao transporte coletivo. Mas não merece toda a celebração que surge na matéria do Estadão, especialmente se considerarmos o momento em que ela surge: a seis meses das eleições municipais, com o prefeito amargando índices de popularidade baixíssimos – que implicam um cacife menor na negociação de apoios – e depois do completo abandono dos corredores pelo prefeito (e por seu antecessor e padrinho político, José Serra).

Além disso, trata-se por enquanto de uma promessa. Estão garantidos 30 km, que deverão ser implantados durante o mês de maio, contemplando vias como as Avenidas Interlagos, na zona sul, Vital Brasil, na oeste, e Cruzeiro do Sul, na norte, com destaque para vias da zona leste, como as Avenidas Líder e Itaquera e um trecho da Aricanduva. Sobre os outros 100 km, a prefeitura não informou as vias a serem contempladas. Ou seja, ao que tudo indica, são planos.

Kassab já fez planos antes para o transporte da capital. Quando foi eleito, declarou uma meta de implantar 66 km de corredores de ônibus. Não fez nenhum até agora. No mês passado, possivelmente sentindo o prejuízo eleitoral que a questão do transporte traz, divulgou um plano de intervenções de R$ 2 bilhões, que incluía a construção de 35 km de corredores. Entre licitação e obras, nenhum deles ficará pronto durante sua gestão – se é que ficarão algum dia.

Em resumo, são três anos sem investimentos e dois planos diferentes anunciados em 60 dias, em ano eleitoral. Estranho que a matéria do Estadão não dê espaço para estes deslizes do prefeito.