GTs completam trabalho para plenária final

Primeiro turno de debates finais da Confecom ocorre na tarde desta quarta-feira (16). Tensão, debates, bate-boca e negociação foram o tom dos grupos de trabalho

A sistematização, a avaliação e a aprovação das propostas apresentadas antes da Confecom exigem paciência e conversa

Os 15 grupos de trabalho da primeira Confederação Nacional de Comunicação (Confecom) completam seu trabalho no início da tarde desta quarta-feira (16). Os delegados se preparam agora para o primeiro turno da plenária final, prevista para as 16h no auditório principal do Centro de Convenções Ulysses Guimarães.

Com metodologias diferentes, cada um deles aprovou propostas de consenso, negociou destaques em pontos de divergência e negociou para tentar aprovação. Ora mantendo os participantes setorialmente divididos em rodas para definir prioridades, ora mantendo um debate com apresentação de destaques, defesa e oposição aos pontos apresentados, todos os grupos tinham de passar uma lista de mais de 100 propostas cada.

Com jargões próprios desse tipo de evento, houve cenas tensas e tentativas das mesas que comandaram os trabalhos de dar celeridade ao processo. Teve bate-boca e negociação de pé de ouvido, em vários atos que exigiram muita paciência dos delegados.

Não foi só a bisteca servida aos participantes no almoço desta quarta-feira que estava dura.

Contexto

A finalidade dos grupos de trabalho era separar em 15 cadernos as propostas sistematizadas antes da conferência, identificando os pontos de consenso e alterando a redação daqueles com divergências menores. Tudo o que foi aprovado por aclamação, bem como o que obteve mais de 80% de apoio dentro de um grupo, é encaminhado ao relatório final, depois de lido durante a plenária. Os itens com menos de 30% de votos de delegados foram eliminadas.

Almoço

Também foram definidas as propostas que se enquadram no mecanismo apelidado de 4-4-2. Cada setor tem o direito de apresentar um número de propostas proporcional a sua participação (quatro para empresários, quatro para movimentos sociais e duas para o governo). Mesmo propostas rejeitadas podem ser recuperadas por meio do recurso. A solução foi definida no regimento como forma de eliminar a possibilidade de se alegar “questões sensíveis” para impedir a rejeição de pontos considerados essenciais para um dos setores.

Nenhum dos delegados consultados pela Rede Brasil Atual nos grupos de trabalho arriscaram-se a estimar quantas proposições foram aprovadas, destacadas ou alteradas. Os itens do 4-4-2 devem ser conhecidos oficialmente apenas na plenária final – com atraso quase protocolar de no mínimo meia hora.

Jargão

Entre gritos e momentos mais tranquilos, a maior parte dos grupos tentou definir os questões mais importantes em que se poderia obter consensos. Nesse processo árduo e demorado, entre questões de ordem, votações por contraste de crachás erguidos ou contagem, recorre-se o tempo todo a um jargão característico.

“Quem vai apresentar o destaque?”, perguntou um dos coordenadores do grupo 10. Diante da identificação do delegado que se opunha a uma proposta, ele quis saber de que tipo de divergência se tratava. “Destaque supressivo ou modificativo, companheiro?” Era apenas um ajuste de redação.

Minutos depois, no GT 11, um debate acalorado fazia com que três delegados – dois da sociedade civil e um do governo – a discordar radicalmente na escolha de uma ou outra proposta sobre formas de combate à discriminação de negros e mulheres. Até a integrante da equipe de apoio, que controlava a entrada e a saída da sala, estava assustada. “O pessoal tá nervoso aí, moço”.

Em meio a um diálogo em que quatro pessoas falavam ao mesmo tempo, um dos acalorados debatedores, iluminado, decretou: “Mas então a companheira não conhece a minha proposta, nem eu a dela”.

Foi a deixa para o coordenador da mesa recorrer a uma metodologia recorrente em outros grupos, que mais pareceu um castigo a maus alunos. “A mesa propõe que um representante de cada setor vá tentar um acordo lá fora”, sentenciou com autoridade – muita ênfase no “lá fora”. Para o corredor se deslocaram todos a discutir.

Do lado de fora das salas, a formação das rodinhas de delegados de um mesmo setor ou de lados opostos foram comuns. Parte das tensões foram sendo diluídas, outras assumidas em discussões mais calmas. Houve até alguns momentos sem energia elétrica dentro das salas, deixando apenas ligadas as luzes da tela de computadores portáteis, movidos a bateria.

Passada a etapa, o momento é de preparar os ânimos para a plenária, em que ainda mais paciência e negociação sao necessárias,