Falta investimento no metrô de São Paulo

O Metrô de São Paulo deu nesta quarta-feira (16) mais uma amostra de seus muitos problemas estruturais. O choque entre duas composições na Linha 3-Vermelha, que deixou ao menos 47 […]

O Metrô de São Paulo deu nesta quarta-feira (16) mais uma amostra de seus muitos problemas estruturais. O choque entre duas composições na Linha 3-Vermelha, que deixou ao menos 47 feridos, se junta aos diversos problemas enfrentados cotidianamente pelos cidadãos paulistanos, reféns de políticas públicas equivocadas na questão dos transportes.

Além da degradação diária a que são submetidos os passageiros, em estações e trens superlotados, é flagrante o aumento no número de panes e acidentes em todas as linhas do metrô e do trem da cidade. Alguns números ajudam a entender o problema.

Uma análise realizada pela assessoria da Liderança da Bancada do PT na Assembleia Legislativa com base na comparação entre o balanço do Metrô e o Orçamento do Estado (que inclui as empresas) mostra que deixaram de ser investidos cerca de R$ 208 milhões na modernização da rede em 2011, 31% do orçado inicialmente. Na Linha 3 – Vermelha, o governo deixou de investir mais de R$ 65 milhões, ou 25% do orçado.

A escassez de investimentos se torna um erro ainda mais grave quando contrastada com o crescimento da demanda. O número de passageiros aumenta ano após ano, sem que o investimento governamental acompanhe esse ritmo crescimento. Em 2011, foram 812 milhões de passageiros, crescimento de 7,7% em relação ao ano anterior. A Linha Vermelha é a líder absoluta em lotação, com 335,7 milhões de passageiros no ano e média de 1,119 milhões nos dias úteis.

A lógica mais elementar leva à conclusão de que o descompasso entre investimento e demanda leva à sobrecarga dos serviços, que por sua vez leva aos constantes problemas de operação e manutenção nos trens.

No entanto, não é esse o raciocínio do secretário de Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes, como mostra essa matéria da Rede Brasil Atual. Para ele, o acidente não teve nada a ver com sobrecarga. Ele também disse que as pessoas só se machucaram porque “estavam distraídas”. Não sei o que é pior da declaração: a falta de respeito com os passageiros ou a falta de perspectiva de mudança na mobilidade da capital demonstrada pela postura do secretário.

Mobilidade
 
Também a respeito de mobilidade, e com o perdão da auto-promoção, a Revista do Brasil de maio traz matéria deste jornalista sobre a questão, com o gancho da entrada em vigor da nova Política Nacional de Mobilidade Urbana. Quem quiser dar uma olhada, pode conferir a versão on-line aqui.