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Em Copa do Mundo, ser dono da casa faz a diferença

Anfitriões levaram o caneco em quase um terço dos mundiais disputados, mas última vez em que riram por último foi há 16 anos

UPI/EFE

Jogadores ingleses comemoram seu terceiro gol, irregular, e alemães protestam na final da Copa de 1966

– Está tudo armado e o Brasil será campeão mundial – espirrou um brasiliense na mesa de bar, o fórum adequado para teorias da conspiração.

– Como assim? – retrucou um cético.

– Você não viu? Está nas redes sociais…

Diante de tão sólida fonte de informação, havia pouco a contra-argumentar.

Fato: das 19 copas já realizadas pela Fifa, em seis os times anfitriões levaram a melhor. Isso representa quase um terço (31,6% para ser preciso). Isso aconteceu com o Uruguai em 1930, com a Itália em 1934, com a Inglaterra em 1966, com a Alemanha em 1974, com a Argentina em 1978 e com França em 1998.

Quando não foram campeões, os donos da casa chegaram às finais duas vezes (Brasil, em 1950, e Suécia, em 1958) ou pelo menos estiveram nas semifinais em C(hile, em 1962; Itália, em 1990; Coreia do Sul, em 2002, e Alemanha, em 2006). Em todas as outras edições, visitantes fizeram a festa. Cabe anotar que apenas Brasil e Espanha conseguiram faturar o caneco fora de seus continentes de origem.

Depõe a favor dos conspiradores, pelo menos dois, e, com boa vontade, três dos cinco anfitriões-campeões. Que conste nos autos que para bom conspirador, meio indício basta. E que fatos objetivos nem sempre precisam existir.

Em 1966, na vitória da Inglaterra sobre a Alemanha Ocidental, na final, o chute de Geoff Hurst acertou o travessão e quicou sobre a linha do gol. Mas o árbitro suíço Gottfried Dienst, depois de consultar o auxiliar, validou o tento aos 11 minutos da prorrogação. Com o 3 a 2 àquela altura, os germânicos não tiveram forças para reagir, tomaram o quarto gol no final e viram os ingleses comemorarem seu primeiro e até agora único título.

Oito anos mais tarde, a suspeita recaiu sobre os argentinos. Não na final, mas no quadrangular que precedeu a grande final. A representação do país do tango precisava golear a sensação da copa, o Peru. Saiu perdendo e, depois de ver o craque do adversário expulso em um arroubo difícil de entender, virou até assinalar uma das maiores goleadas da história dos mundiais, expressivos 6 a 0.

Bem mais difusas foram as teorias conspiratórias de 1998. Ainda antes da final entre França e Brasil, os rumores sobre a rivalidade entre Adidas, patrocinadora de Le Bleu e da própria Fifa, e a Nike, fabricante do material esportivo Canarinho, já circundavam a partida. A misteriosa convulsão de Ronaldo, então Fenômeno (que viria a ser “o Gordo”) e o desempenho fraco dos então campeões do mundo alimentaram as suspeitas. A estrela de Zinedine Zidane, autor de dois gols, e a própria goleada de 3 a 0, fora o baile, pouco ajudaram a aplacar os conspiradores (e os maus perdedores).

Na Copa das Confederações, em 2013, o Brasil faturou o título, sem tanta margem para teorias mirabolantes. Mas no Mundial, tudo é diferente e a imaginação correrá solta.É bom já preparar a sua versão.