Brasil 3 x 0 Espanha

Eeeeeeeu fui às touradas de Madri, parara tchim bum bum bum

Com aplicação, categoria e sorte, Brasil põe a Fúria pra dançar em clima de Libertadores

Antonio Lacerda/EFE

Neymar liderou a seleção, jogou muita bola e mereceu o título de melhor jogador da Copa das Confederações

Foi o encontro de duas culturas futebolísticas. A Espanha trouxe seu toque de bola, sua técnica, sua elegância, como se jogasse uma partida da primeira fase da milionária Champions League. O Brasil a recebeu em clima de Libertadores: marcou, correu, pegou e meteu 3 a 0 sem deixar os espanhóis respirarem um minuto. O desempenho coletivo do time de Felipão foi irrepreensível, especialmente ao marcar a saída de bola. Foi também um dia em que tudo deu certo para o Brasil – e errado para a Espanha.

O primeiro gol aos dois minutos é prova dessa maré positiva. Marcelo dá um belo lançamento para Hulk na ponta direita. Ele recebe, tenta uma jogada e erra. Ela bate no pé de um espanhol e sobra para Oscar, que devolve. Hulk cruza meio mal na direção de Fred e Neymar. Um bate e rebate meio estranho, a bola bate na mão de Busquets e se oferece para Fred, já deitado, achar um chute e abrir o placar. Uma sequência de eventos complicada, mas que fez jus e reforçou a apresentação da seleção.

O gol e a vontade dos brasileiros parecem ter desestabilizado a Espanha, que não achou seu jogo em momento algum da partida. Como consolo, podem falar da posse de bola, que mesmo nesse jogo adverso foi maior.

De produtivo, criaram quatro chances claras. Uma com Pedro, no primeiro tempo, num contra-ataque perfeito. Ele entrou na área pela direita, totalmente sozinho, e chutou cruzado. Passou por Júlio Cesar e todo mundo por um segundo se resignou. Menos David Luiz, que conseguiu, num carrinho em direção ao gol, botar a bola por cima do travessão.

Isso foi ainda no primeiro tempo, já aos 40 minutos. Logo depois, o contra-ataque foi brasileiro: Neymar recebeu passe de Oscar e, de esquerda, fuzilou Casillas.

Assim terminou a primeira etapa, para não falar de gols perdidos de Fred, tentativa de Paulinho por cobertura e outras tantas chances criadas por um Brasil no 220. Da Espanha não há omissões.

E o segundo tempo não trouxe qualquer alívio para a Fúria, pelo contrário. Novamente aos 2 minutos, Hulk tocou da direita para Neymar que, a meia-lua, fez um corta-luz lindo para Fred se redimir com um chute forte no canto esquerdo de Casillas.

Placar construído, cabe falar das outras três chances perdidas pela Espanha. A primeira foi de pênalti, vejam só, com Sérgio Ramos chutando para fora. A terceira de David Villa, que entrou na vaga do inoperante Fernando Torres e meteu uma bola bonita que buscava o ângulo esquerdo de Júlio César, mas o arqueiro alcançou e mandou para escanteio em bela defesa. E a última novamente com Pedrito, também defendida por JC, que garantiu com sobras seu passaporte para, bem, seu país natal.

Baita jogo do time de Felipão, com uma entrega que se manifestou desde o princípio, no hino nacional. Péssimo jogo da Espanha, que em momento algum conseguiu impor o controle de jogo que é sua característica. Toda comemoração é pouca. Mas cabe, também, lembrar que nem sempre tanta coisa assim vai dar certo ao mesmo tempo.

Mantém-se a tradição de Brasil e Espanha no Maracanã. Vamos rememorar os 6 a 1 de 1950, quando o estádio lotado cantou Touradas de Madri, do imortal Braguinha. Afastamos alguns fantasmas do Maraca, só precisa baixar a bola pra Copa, que aí é outra história.