Diário do Bolso

Tô desesperado pra aprovar a ‘PEC do Desespero’

O Guedes chamava a “PEC do Desespero” de “PEC Kamikaze”, porque ele dizia que era um suicídio e ia acabar com as contas públicas. Agora deve estar chamando de “PEC Salvadora”, porque sem ela a gente perde no primeiro turno

Anemone 123 / Pixabay
Anemone 123 / Pixabay

Diário, tô desesperado pra aprovar a “PEC do Desespero”.

Ela vai decretar emergência por causa do aumento do preço do petróleo e aí vou poder dar mais de R$ 40 bilhões pros eleitores.

Isso vai fazer um furo bonito no teto de gastos. Mas e daí? A casa não é minha.

Esse gasto vai ser só de agosto até dezembro. É um treco só pra eleição mesmo.

Com essa grana vou ampliar o Auxílio Brasil pra R$ 600, dobrar o Auxílio Gás e dar um vale pra caminhoneiros e taxistas, que são meus cabos eleitorais, mas andam com raiva de mim.

Ontem teve uma sessão de um minuto de duração, das 6h30 da manhã até as 6h31, pra discutir a bagaça.

É que as PECs precisam ser analisadas pelo menos em dez sessões, então a gente não pode perder tempo com mimimi.

O Guedes chamava a “PEC do Desespero” de “PEC Kamikaze”, porque ele dizia que era um suicídio e ia acabar com as contas públicas. Agora deve estar chamando de “PEC Salvadora”, porque sem ela a gente perde no primeiro turno.

Pena que ontem, quinta-feira, no fim da tarde, não teve quórum suficiente pra aprovar de vez a PEC. Por que isso aconteceu?

Leia também: Pesquisas eleitorais são que nem religião, cada um tem que ter a sua

Será que o Centrão tá pulando fora do meu barco? Será que era fim do expediente e todo mundo tinha que voltar pra casa? Será que o pessoal quis aproveitar o fim da tarde com as amantes? Não sei…

A votação ficou pra terça-feira. Até lá, vamos ficar telefonando pra todo mundo, lembrando os caras assim: “lembra daquele dinheiro que eu dei pra você comprar dez tratores superfaturados da loja do seu primo? Tá na hora de pagar”.

Olha, Diário, é como eu sempre digo (ou pelo menos penso, porque a gente não pode dizer isso em voz alta): “pra comprar voto, a gente sempre arranja um dinheirinho”.

Torero

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