Diário do Bolso

Autoatentado para o dia 7 de setembro: já tentaram ideia parecida em 1981

Um pessoal de direita atacaria manifestantes da própria direita, ou mesmo militares, pra botar a culpa na esquerda. E isso viraria a eleição pro meu lado. Ou me daria licença pra dar um golpe

Arquivo histórico
Arquivo histórico
Sargento Guilherme Pereira do Rosário morreu na hora com a explosão no carro

Saiu aí na revista Veja (se eu fosse o dono, ela ia se chamar “Mire”) que pode estar em andamento um autoatendado para o dia 7 de setembro. Quer dizer, um pessoal de direita atacaria manifestantes da própria direita, ou mesmo militares, pra botar a culpa na esquerda. E isso viraria a eleição pro meu lado. Ou me daria licença pra dar um golpe.

Já tentaram uma ideia mais ou menos parecida em 1981, no Riocentro. Uma turma do Exército e da PM do Rio de Janeiro ia estourar umas bombas durante a festa de Primeiro de Maio no Riocentro. Ia morrer gente a rodo e iam colocar a culpa na esquerda, dizendo que tinha sido um plano da VPR (Vanguarda Popular Revolucionária).

Um policial civil chamado Mario Viana e mais uns amigos até picharam um monte de placas da região com as iniciais VPR, pra incriminar a esquerdalha.

Tinha mais de 20.000 pessoas no lugar. O show era em homenagem ao Luiz Gonzaga. Um monte de gente ia cantar. Sei que tinha um tal de Ney do Mato Grosso, que, pelo nome, devia ser cantor sertanejo, e um cara chamado Paulinho ia tocar viola.

Mas não deu certo. Às 21h20min, quando a Elba Ramalho estava no palco, lá fora, no estacionamento, uma das bombas explodiu antes do tempo.

Ela estava dentro de um carro, um Puma, junto com o sargento Guilherme Pereira do Rosário e o capitão Wilson Dias Machado. O sargento morreu na hora. O capitão se arrastou e foi levado prum hospital.

Minutos depois, o coronel Freddie Perdigão Pereira atirou uma bomba na Casa de Força do Riocentro. A ideia era causar um blecaute, estourarem outras bombas no placo, todo mundo sair correndo e morrer pisoteado (deixaram funcionando só cinco das 28 saídas do Riocentro). Mas o explosivo arremessado pelo Freddie explodiu longe do equipamento e não teve blecaute nenhum.

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Aí, vendo o fiasco, o resto da equipe tirou os dois explosivos instalados no palco do show.

Foi uma incompetência grave. Mas o nourrau bombístico do pessoal melhorou muito nesses quarenta anos.

O que você acha dessa ideia, hein, Diário?

Ah, eu também acho uma coisa complicada. É mais ou menos como tramar um falso atentado contra um candidato durante a campanha eleitoral. Não é?

Torero

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