Diário do Bolso

Meu líder na Câmara agora é do PP, o partido do Paulo Maluf

Diário, ontem teve um almoção aqui no palácio. A festinha serviu pra marcar a troca de líder do governo na Câmara: sai o Major Vitor Hugo, do PSL, entra o Ricardo Barros, do PP

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Diário, ontem teve um almoção aqui no palácio. Tava o Flavinho, tava o Dudu, uns ministros e mais uns 20 parlamentares do Centrão. Tinha gente do PSD, DEM, MDB, PTB, PL, PP, PSL, PSDB, do Podemos e do Republicanos.

Foi uma festa contagiante. E não tô falando de covid, não. É que quando eu fui na cozinha pegar uma bisteca a mais, tinha um cozinheiro tão feliz que tava até cantando aquela música que diz assim: “Se gritar pega ladrão, não fica um, meu irmão”.

A festinha serviu pra marcar a troca de líder do governo na Câmara: sai o Major Vitor Hugo, do PSL, entra o Ricardo Barros, do PP. É isso mesmo, Diário, o meu líder agora é do PP, o partido do Paulo Maluf. O partido onde eu fiquei mais tempo, uns dez ou onze anos.

Parece que o PP é o partido que mais gente investigada pela Lava Jato. Adivinha se eu não vou querer acabar com essa encheção de saco? A Lava-Jato já lavou quem tinha que lavar. Agora tem é que sair a jato, kkk!

O presidente do PP, o senador Ciro Nogueira (PI), já foi aliado do PT e já me chamou de fascista e preconceituoso. Mas tudo bem, agora é meu amigo. É esse o tipo de político que eu gosto: sem ideologia, pô!

Ele estava junto com o deputado Arthur Lira, também do PP. Os dois são alvo de denúncia do Ministério Público. Dizem que eles chefiavam o “Quadrilhão do PP” num esquema de desvio de recursos públicos da Petrobras.

Mas e daí? Eu sou um cara preconceituoso? De jeito nenhum! Olha aí o ministro Marcelo Álvaro. Ele foi acusado de ter usado laranjas na eleição. Eu mandei o cara embora? Não. Olha aí o Ricardo Salles. Ele nem é suspeito. Já foi até julgado culpado. Eu mandei o cara embora? Não. Olha aí o meu filho Flavinho. Ele tá com problema com a polícia. Eu censurei o garoto por causa disso? De jeito nenhum!

Pelo contrário. Chamei todo mundo pro almoço.

Aliás, no tocante ao cardápio, eu pensei em mandar fazer uma pizza gigante, porque eu gosto muito quando tudo acaba em pizza.

Mas o cozinheiro, o mesmo que tava batucando aquele samba, me deu uma sugestão melhor:

— Sirva comida mineira, presidente. Esse seu pessoal adora tutu.

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